quarta-feira, 28 de março de 2018

A FERA DO AUTORITARISMO ESTÁ À SOLTA TAMBÉM NO FUTEBOL?

Palavras de um torcedor que sou: Ministério Público, Polícia Militar e Federação Baiana dão passos largos para acabar com o futebol popular, irreverente e pacífico como conhecemos e aprendemos a gostar.

Ao sucumbir à intolerância e ao autoritarismo como vêm fazendo, estou certo, eles estimulam a violência - mesmo sob um discurso de “garantia da paz”.

Senão, vejamos.

Como regra, MP/PM/FBF sempre que se aproxima um BaVi (e sob enormes holofotes de mídia, registre-se) tem oscilado entre dois absurdos: ou Torcida Única, ou 10% da Carga para Visitantes.

A primeira opção é a falência do conceito de esporte (inventamos uma forma de disputa campal que dispensa armas e mortes, lembram?) e do esquema de segurança - isso numa terra que organiza o maior carnaval do mundo...

A segunda opção é ainda mais absurda: ao garantir somente 10% de participação dos visitantes, eles impõem essa torcida a uma condição de minoria que acua, deixa na defensiva e instintivamente reativa; além de estimular a presença das “organizadas” quase que exclusivamente.

Mas qual seria a alternativa, Éden?

Primeiro, a volta da Mista. RS e RJ acabaram de fazer, logo, não digam ser impossível! Quanto a questão da porcentagem, 60% a 40% sempre foi a tradição - apesar de, pessoalmente, preferir 50/50 tal qual acordaram Cruzeiro e Galo recentemente. Mas vá lá. 60/40 já estava lindo. Tanto na Fonte quanto no Barradão.

Mas voltando, como se não bastasse a horrenda adoção da Torcida Única, a última do triunvirato MP/PM/FBF foi, de uma só vez, proibir utilização de máscaras ou fantasias; proibir a entrada das baterias; proibir uso de camisas “provocativas”.

Proibir, proibir, proibir.

Ou “não recomendar” - para usar o artifício de dissimulação que eles gostam.

Absurdo!

Retomando o raciocínio inicial do texto, pensem comigo: em um cenário nacional de radicalização, de flerte com o autoritarismo, de validação da violência como expediente de disputa política, de denúncia de práticas fascistas (atentados, inclusive), vamos admitir a volta da censura? E pelo futebol?

Quem vai arbitrar (e assim censurar) o que é ou não ofensivo? O soldado que circula o estádio? O oficial na catraca? O promotor na porta da lojinha?

Que camisa “ofende” e a quem? Se estes mesmos atores proibiram a presença da torcida visitante?

Não estou, como dizem por aí, “fazendo enxame”. A preocupação é real, justa e válida - sobretudo, insisto, no contexto que estamos inseridos.

Toda mensagem que fira os direitos e a dignidade da pessoa humana deve ser identificada e coibida. Racismo, homofobia, machismo, antissemitismo, xenofobia, etc.

Mas é o Policial/Promotor que vai decidir se a brincadeira com Mamão, Galinha ou Sardinha é ofensiva?

Penso que seja essa uma reflexão importante para todos nós. Soltar a coleira do autoritarismo é uma decisão historicamente errada, pois essa fera não se domina, nem respeita ninguém. Seja rubro-negro ou tricolor.

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