terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

CLASSE MÉDIA: QUANDO VOLTAREMOS A CONVERSAR?



É carnaval e tal. É tempo de festa e não de reflexões. Mas deixa eu registrar uma tristeza: quando vejo amigos inteligentes orgulhosamente curtindo e postando conteúdos “pró-mercado, anti-comunistas” - como se pertencessem à elite capitalista, como se não fossem fudidos como nós.

Especialmente no Brasil, onde a concentração de riqueza é abissal, o cara que tem um escritório, consultório, passou em um concurso ou tem uma pequena/média empresa, se comportar como se fosse banqueiro, defendendo uma elite que ri dele, dá uma tristeza enorme...

Daí que a pessoa acha que “defender a direita” é, de fato, proteger seu patrimônio, suas conquistas, seus privilégios. Acha que “ser de direita” é proteger a casa financiada, a escola particular dos filhos, a viagem parcelada com a família.

Ele sabe que comparado a elite real ele é um nada, mas veste a camisa do status quo, defende o atual modelo de sociedade e se regozija por ter um pouco mais que os pobres em geral...

Esse tipo de cidadão - insisto, gente inteligente, estudada, boa praça - acaba por fazer o que Chico Buarque disse: grita com o Paraguai, mas fala fino com os EUA. “Paga pau” para o mercado, mas “engrossa o pescoço” contra pobres, negros, esquerdistas, preguiçosos, culpados pela própria maleza.

Tem muito de responsabilidade nossa nisso: generalizar a classe média é um erro; tratá-la como inimiga é uma tragédia. Está na hora do PT e da Esquerda se reencontrar com a classe média, e não afastá-la como vem fazendo.

Uma bancária, um profissional liberal, uma dona de salão de beleza não pode achar que a Esquerda é sua adversária - e a Direita sua aliada.

Mas registro a tristeza porque percebo que alguns amigos/conhecidos sabem disso tudo, e mesmo assim optaram pelo individualismo, pelo orgulho barato, pelo interesse próprio, pela farinha pouca meu pirão primeiro...

É urgente e necessário romper o Ba-Vi que se transformou a política nacional, onde falsamente quem é de esquerda, quem defende a justiça social, a inclusão econômica e cultural no desenvolvimento do país ou os direitos da pessoa humana, é inimiga dos setores médios.

Sobre ser de esquerda, fico com Pepe Mujica: “É uma posição perante a vida, onde a solidariedade prevalece sobre o egoísmo.” E, penso, nossa tarefa é romper o maniqueísmo típico das redes sociais, reconhecer que há muita gente nas classes médias que pensam como nós e lutar ao seu lado por um Brasil menos desigual, mais justo e com oportunidade para todos!

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