sexta-feira, 7 de julho de 2017

A IRRESPONSABILIDADE TUCANA COM O BRASIL


Temer ainda não caiu, mas dizem que cairá em breve. E tem que cair mesmo. Primeiro presidente denunciado em pleno exercício do cargo na história da República, Michel Temer é acusado de corrupção passiva e, se for condenado, pode ficar de 2 a 12 anos preso - além de pagar uma multa de 10 milhões de reais, como reparação de danos coletivos. Não é pouca coisa.

Como também não é fácil de ignorar o fato de que, com Temer, ascendeu ao poder um conjunto de pessoas que tem seus currículos mais próximos do conceito de "ficha corrida" do que de trajetória política. Gente como Eliseu Padilha, Moreira Franco, Romero Jucá, Sandro Mabel, José Yunes, Tadeu Filipelli, Eduardo Cunha, Rodrigo Rocha Loures, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima. Uns denunciados, alguns presos, outros já de tornozeleira eletrônica, mas definitivamente todos encrencados com a Justiça.

Então temos um presidente denunciado por corrupção e cercado por assessores ainda mais enrolados, o que torna insustentável a situação de um governo extremamente impopular e absolutamente carente de legitimidade. Não nos esqueçamos: o governo Temer é fruto de um golpe parlamentar.

Assim, ficamos combinados: vai cair.

Eu sei disso, você sabe disso e, ao que parece, os tucanos souberam disso ontem.

Digo ontem porque até pouquíssimo tempo atrás, há menos de um mês para ser exato, o PSDB reiterava seu apoio ao peemedebista sob o discurso de responsabilidade com o país. Disse o prefeito de São Paulo, João Dória, à BBC (16.06): "O desembarque do PSDB do governo neste momento implicaria em colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico e no político."

Hoje, estampam os jornais, a opinião é outra. "Estamos chegando na ingovernabilidade e tem que haver agora um acordo para dar estabilidade mínima para se chegar a 2018" afirmou ao O Globo o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ao defender que a bola da vez é afastar Temer e passar o bastão para Rodrigo Maia, do DEM, presidente da Câmara dos Deputados.

Estranho esse conceito de responsabilidade dos tucanos, não? De dia, querem manter o Michel "denunciado pela PGR e recordista de impopularidade" Temer. À noite, querem botar na cadeira de presidente o Rodrigo "também na Lava-Jato e só teve 3% para prefeito no Rio" Maia.

Como está claro, não se trata de um pitoresco conceito, mas sim de plena irresponsabilidade com o país. Os tucanos foram irresponsáveis quando disseminaram boatos durante a campanha de 2014 sobre a morte de Yousseff; foram irresponsáveis quando pediram recontagem dos votos; quando questionaram o resultado das urnas na Justiça; e quando alimentaram a política do ódio anti-petista.

Os tucanos foram irresponsáveis quando se aliaram a Eduardo Cunha para aprovar pautas-bomba e inviabilizar o Governo Dilma; quando apostaram no quanto pior, melhor; quando deram apoio - e dinheiro - aos movimentos de rua pelo impeachment.

Os tucanos foram irresponsáveis quando lideraram o golpe na Câmara e no Senado; quando passaram a integrar o governo Temer; e são ainda mais irresponsáveis ao apostar no golpe dentro do golpe.

O PSDB é irresponsável com o Brasil quando finge viver em um Parlamentarismo Tupiniquim - que só existe em suas cabeças - e brinca de destituir e restituir Presidentes pela vontade do Congresso Nacional.

Não sei se por conta das últimas quatro derrotas nas eleições presidenciais, ou se pelas atuais pesquisas que demonstram a desidratação dos seus candidatos, o fato é que o PSDB foge do óbvio: não é passando o poder para outro presidente não-eleito que sairemos da crise; é necessário e urgente convocar eleições diretas e antecipadas.

Eu sei disso, você sabe disso, até FHC sabe (e defendeu) isso. Está na hora de avisarmos ao tucanos.

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