quarta-feira, 24 de maio de 2017

CRISE SISTÊMICA

O #BlogDoÉden reproduz editorial Le Monde Diplomatique Brasil (edição 117, de abril de 2017, sobre a crise que enfrenta o Sistema Político Brasileiro atualmente. Vale a reflexão.

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Agora que todos os partidos políticos, o Executivo e o Legislativo (e logo mais o Judiciário) são denunciados por práticas de corrupção, vai se caracterizando uma crise sistêmica do sistema político, capturado pelos interesses das grandes empresas.

Embora 70% dos brasileiros considerem a democracia o melhor sistema de governo, apenas 32% apoiam a democracia que temos, uma queda de 22 pontos percentuais se comparado 2015 a 2016; 55% declaram que não se importam se um governo não é democrático, desde que solucione os problemas.¹

Pesquisas realizadas no período das últimas eleições identificam que 57% dos eleitores não votariam se o voto não fosse obrigatório.² E 70% dos eleitores estão indecisos ou votarão branco e nulo nas eleições de 2018.³

Quanto à avaliação do governo Temer, sua desaprovação cresce a cada mês. Em janeiro, era 59%; em fevereiro, 62%; em março, 75%; em abril, 87% julgam o governo ruim ou péssimo. Apenas 4% julgam o governo atual positivo.

A Lava Jato, ao tornar pública essa vasta gama de iniciativas de corrupção, gera a repulsa da sociedade a essas práticas, mas também ao sistema político que as viabiliza.

E como chegaremos às eleições de 2018 neste cenário de descrédito e suspeição?

Lula ressurge, com 47% de potencial de votos (30% votariam com certeza, 17% declaram que poderiam votar), como o mais forte candidato para 2018. Sua rejeição caiu 14 pontos desde o impeachment da presidenta Dilma, igualando a marca dos que o apoiam. Comparando a pesquisa de outubro de 2015 com a atual, seus adversários do PSDB despencam na preferência eleitoral. Aécio tinha 41%, caiu para 22%. Serra tinha 32%, caiu para 25%. Alckmin tinha 29%, caiu para 22%.5

Outra pesquisa atual mostra o crescimento de Lula: dezembro de 2016, 35%; abril de 2017, 45%. O PT recupera parte de seu eleitorado: dezembro de 2016, 15%; abril de 2017, 20%. Nessa mesma pesquisa, o PSDB aparece com a preferência de 4%.6

O impasse é duplo: o descrédito no sistema político e nos partidos de direita e o crescimento de Lula e do PT. O golpe não foi dado para dois anos depois o governo ser entregue novamente aos petistas. Assim, as chances de Lula ser condenado na Lava Jato e perder seus direitos políticos são grandes. Independe se ele é culpado ou não, assim como foi com a presidenta Dilma. Nossas elites não querem mais um projeto de governo que limite seus ganhos, imponha-lhes controles e aumente o custo de reprodução da força de trabalho.

Nessa situação, promover uma reforma política antes de outubro deste ano, para valer para as próximas eleições, é visto como a tábua de salvação para a maioria dos ocupantes do Congresso e para o Palácio do Planalto. Acreditam que a reforma política legitimaria o sistema político perante o eleitorado e garantiria para si mecanismos de financiamento eleitoral e regras do jogo para aqueles que só ganham eleições com muito dinheiro. O foco, agora que as empresas estão proibidas de financiar campanhas eleitorais, é o fundo público eleitoral.

A reforma do sistema político não pode ser feita pelos atuais congressistas, já que 70% deles foram financiados por dez grandes grupos econômicos e obedecem a seus interesses. Ela tem de ficar para 2019, já num novo cenário pós-eleitoral, que não sabemos qual será.

A reforma política não pode se restringir a definir novas regras, se o voto será distrital ou não, se a lista dos candidatos será aberta ou fechada, se haverá um filtro que impeça os partidos nanicos de disputar eleições etc. É preciso ir mais fundo, são os fundamentos da nossa democracia que estão em causa.

Se hoje a política é controlada pelas grandes empresas, como fazer para que a democracia controle a economia? Como limitar o poder do dinheiro na formulação das políticas? Como fortalecer os setores empobrecidos para a disputa pelos recursos públicos? Como garantir a representação das minorias discriminadas nas decisões de governo? Como enfrentar a política tributária regressiva e garantir serviços públicos de qualidade, universais e gratuitos? Como enfrentar a desigualdade e a crise ambiental? Precisamos de um novo modelo de democracia, mais inclusivo, mais participativo, mais justo.

Com a irritação popular chegando às raias das explosões sociais, como ocorreu com os professores do Paraná, com os funcionários públicos do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, com a recente invasão por policiais da Câmara dos Deputados, em Brasília, e muitas outras manifestações, a situação política fica extremamente delicada. Condenar Lula, um candidato à Presidência da República que conta com 47% de potencial de voto, seria acender um fósforo perto de um barril de pólvora…

Mas, mesmo que seja cassado, Lula continuará sendo um grande eleitor. E não se pode ignorar a importância das eleições para o Congresso Nacional. Os defensores da democracia precisam se engajar nas eleições do futuro Congresso Nacional. Resgatar a ética na política e garantir a democracia como espaço e modo de negociação de interesses. É com o futuro Congresso que aprovaremos a Constituinte independente para a reforma do sistema político.


terça-feira, 23 de maio de 2017

TRISTE BRASIL...



Brasil em (tristes) números:

SEIS CONSTITUIÇÕES FEDERAIS
1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988

NOVE MOEDAS
Reis, Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro (terceira vez), Cruzeiro Real e Real.

SEIS VEZES CONGRESSO FECHADO
1891, 1930-34, 1937-46, 1966, 1968-69 e 1977

SETE GOLPES DE ESTADO
1889, 1930, 1937, 1945, 1955, 1964 e 2016

TREZE PRESIDENTES QUE NÃO CONCLUÍRAM O MANDATO
Deodoro, Afonso Penha, Rodrigues Alves, Washington Luís, Júlio Prestes, Getúlio Vargas, Carlos Luz, Jânio Quadros, João Goulart,Costa e Silva, Tancredo Neves, Fernando Collor e Dilma Rousseff.

TRINTA E UM PRESIDENTES NÃO ELEITOS DIRETAMENTE
Deodoro, Floriano Peixoto, Prudente, Campos Sales, Rodrigues Alves, Afonso Penha, Nilo Peçanha, Fonseca, Venceslau, Rodrigues Alves, Delfim Moreira, Epitácio, Arthur, Washington Luis, Júlio Prestes, Vargas, José Linhares, Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, Ranieri Mazilli, João Goulart, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel, Figueiredo, Tancredo Neves, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.

domingo, 21 de maio de 2017

EVERALDO REELEITO PRESIDENTE DO PT BAHIA



RESULTADO OFICIAL

Everaldo Anunciação foi reeleito presidente do Diretório Estadual do PT baiano. Com 163 votos, contra 147 do seu opositor, o deputado federal Waldenor Pereira, Everaldo se manterá à frente do PT até 2019.

O CONGRESSO

Com clima acirrado, por vezes de confronto aberto nos microfones, o 6o Congresso Estadual do PT foi marcado pela pluralidade de ideias debatidas, a intensa participação da militância e o elevado quórum político - além dos 310 delegados, a atividade contou com a participação de vereadores, prefeitos, ex-prefeitos, deputados estaduais e federais, além do ex-governador Jaques Wagner.

AGENDA PETISTA

Apesar do ambiente de disputa, o conjunto das forças políticas que disputaram o PT chegaram a um entendimento sobre a agenda de lutas para os próximos anos: realizar forte oposição ao governo federal e exigir a saída do presidente (Fora Temer); intensificar as mobilizações de rua pela imediata convocação de eleições gerais (Diretas Já); e trabalhar pela reeleição do governador Rui Costa, a eleição de Jaques Wagner senador e dos deputados federais e estaduais.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

WAGNER: "QUERO QUE A RUA TIRE TEMER, NÃO A GLOBO"


Hoje (19), durante a abertura do Congresso Estadual do PT Bahia, o ex-governador Jaques Wagner defendeu as mobilizações de rua pela saída de Michel Temer, mas se contrapondo ao que chamou de espetáculo de mídia da Polícia Federal e do Ministério Público.

"Temer é um presidente ilegítimo. Fruto de um golpe parlamentar. O Fora Temer é prioridade mas não pelas razões que o festival midiático tenta produzir. Quero que a rua tire Temer, não a Globo" afirmou o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo Rui Costa.

Ao comentar agravamento da crise e as possíveis reações da sociedade, o ex-ministro da Casa Civil concordou com a tese defendida por seu partido sobre a convocação de novas eleições no Brasil. "A sociedade quer estabilidade, crescimento econômico, oportunidades de emprego, e a condição fundamental para retomarmos isso depende da legitimidade que só as eleições trarão".

Para uma plateia formada por mais de 300 delegados do encontro petista, Wagner alertou ainda sobre os possíveis riscos de uma aventura autoritária no Brasil. "Não podemos pôr a democracia em risco. Fora dela só existe o autoritarismo, a intolerância e a violência."

O Congresso Estadual do PT acontece até o próximo domingo (21), na Faculdade de Arquitetura da UFBA em Salvador, e vai eleger a nova direção da legenda para o biênio 2017/2018.