Em 1979 Caetano Veloso gravou Trilhos Urbanos, que retrata a cidade de Santo Amaro da Purificação, sua terranatal, com características de uma cidade ora imaginária, ora real, uma mistura de sentimentos com lembranças, de emoções com locais concretos. O irmão de Irene não chega a falar na ponga, mas faz referências ao transporte e sua movimentação pelas ruas da cidade: "Quando o bonde dava a volta ali..."
Hoje a Bahia tem novas definições para o verbo pongar. Além de pegar veículo em movimento, pongar pode significar se agarrar, ou se segurar, como também se pendurar. Há aqueles que usam o substantivo ponga como sinônimo para carona e por aí vai. O fato é que a lembrança dos bondes vem se misturando com a atual realidade e redefinindo a expressão vebal bem como a própria cidade.
Sandra Jatahy Pesavento (olha a citação à historiadora que falei anteriormente) escreveu sobre a possibilidade da leitura da cidade através do “passado de outras cidades contidas na cidade do presente”. É o que parece acontecer em Soterópolis. Temos, então, uma cidade sensível, uma cidade visível e uma cidade imaginária.
Na última quinta-feira, dia 09, todos estes temas vieram à tona de uma só vez. O velho bonde e o contemporâneo metrô; o antigo pongar e o atualíssimo usurpar; a Salvador visível e a imaginária.
Sem arrodeios: ACM Neto tentou pongar no bonde alheio, ou melhor, tentou usurpar o metrô do Governador.
Talvez ansioso ou preocupado com a perda de protagonismo político crescente - quem acompanhou o Carnaval sabe do que estou falando - o prefeito decidiu aderir ao padrão Michel Temer e tentar uma cartada, ou melhor, um golpe. "Vamos tentar pongar na obra do metrô e disputar sua paternidade!" Na cidade imaginária de Neto, os cidadãos passariam a debitar em sua conta os benefícios trazidos pela impressionante obra do metrô, bastando para tal uma visita dele aos vagões e uma bela foto ao lado dos vereadores, deputados e ministros.
Não colou. Nem vai colar.
A tal experiência entre as outras cidades do passado e a cidade do presente, sobre a qual se referia a professora Pesavento, faz com que os soteropolitanos tenham a exata noção do que foi e é a obra do metrô. Antes, enquanto tocada pela Prefeitura, era uma cicatriz no coração da capital. Calça-curta, ligava nada a lugar nenhum, além das inúmeras denúncias de corrupção.
Uma vez entregue ao Governo do Estado a obra passou a andar, conseguir financiamento, contrato de serviço exemplar, ritmo de construção invejável e, o melhor, virou realidade. Já transporta 50 mil passageiros por dia na Linha 1 e deve chegar a 100 mil com a inclusão da Linha 2 até o aeroporto.
Simples assim. Enquanto esteve com os prefeitos, pesadelo. Com o Governo do Estado, realidade. O mérito do Neto de ACM foi entregar obra. Que andou e anda graças a Lula, Wagner, Dilma e Rui Costa. Ponto.
Chamar a turma do PSDB de Imbassahy, PMDB de João Henrique e do DEM de Paulo Souto para pongar no metrô é abusar da inteligência da cidade inteira; é exigir uma criatividade que nem o poeta Caetano versando sobre Santo Amaro conseguiria alcançar.
Menos, Neto, menos...
Na última quinta-feira, dia 09, todos estes temas vieram à tona de uma só vez. O velho bonde e o contemporâneo metrô; o antigo pongar e o atualíssimo usurpar; a Salvador visível e a imaginária.
Sem arrodeios: ACM Neto tentou pongar no bonde alheio, ou melhor, tentou usurpar o metrô do Governador.
Talvez ansioso ou preocupado com a perda de protagonismo político crescente - quem acompanhou o Carnaval sabe do que estou falando - o prefeito decidiu aderir ao padrão Michel Temer e tentar uma cartada, ou melhor, um golpe. "Vamos tentar pongar na obra do metrô e disputar sua paternidade!" Na cidade imaginária de Neto, os cidadãos passariam a debitar em sua conta os benefícios trazidos pela impressionante obra do metrô, bastando para tal uma visita dele aos vagões e uma bela foto ao lado dos vereadores, deputados e ministros.
Não colou. Nem vai colar.
A tal experiência entre as outras cidades do passado e a cidade do presente, sobre a qual se referia a professora Pesavento, faz com que os soteropolitanos tenham a exata noção do que foi e é a obra do metrô. Antes, enquanto tocada pela Prefeitura, era uma cicatriz no coração da capital. Calça-curta, ligava nada a lugar nenhum, além das inúmeras denúncias de corrupção.
Uma vez entregue ao Governo do Estado a obra passou a andar, conseguir financiamento, contrato de serviço exemplar, ritmo de construção invejável e, o melhor, virou realidade. Já transporta 50 mil passageiros por dia na Linha 1 e deve chegar a 100 mil com a inclusão da Linha 2 até o aeroporto.
Simples assim. Enquanto esteve com os prefeitos, pesadelo. Com o Governo do Estado, realidade. O mérito do Neto de ACM foi entregar obra. Que andou e anda graças a Lula, Wagner, Dilma e Rui Costa. Ponto.
Chamar a turma do PSDB de Imbassahy, PMDB de João Henrique e do DEM de Paulo Souto para pongar no metrô é abusar da inteligência da cidade inteira; é exigir uma criatividade que nem o poeta Caetano versando sobre Santo Amaro conseguiria alcançar.
Menos, Neto, menos...
(Artigo originalmente publicado no Portal Brasil 247, em 10/03/17)
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