sábado, 13 de agosto de 2016

JOGUE, CORRA, NADE, LUTE COMO UMA MULHER!



Eu não sei o nome do mascote da Rio 2016. É possível que você também não. Mas todos nós sabemos quem é Rafaela Silva, Joana Maranhão, Mayra Aguiar, Marta e Bárbara.

São atletas, umas já medalhistas, outras ainda não. Umas competem de quimono, duas de chuteiras e outra de maiô. Mas todas lutam. Lutam contra o histórico machismo enraizado nas nossas relações. Machismo que torna desigual seu lugar no imaginário coletivo; a expectativa em torno do seu papel, fala, discurso e comportamento; que desequilibra a cobertura da mídia; que faz injustiça com todas as remunerações, salários e ganhos...

Elas lutam e vencem. Hoje as Olimpíadas do Rio de Janeiro tem a cara, a voz, o suor e jeito da mulher brasileira. São elas que empolgam, estimulam e emocionam o povo brasileiro. São elas o motivo de expectativa, torcida e orgulho.

E acredito que muito do orgulho que a sociedade brasileira hoje tem dessas guerreiras deriva do orgulho-próprio que elas cultivam e demonstram por si, por suas histórias, suas opiniões, suas trajetórias. Rafaela não escondeu que era negra e lésbica; Joana não fugiu das ofensas e injúrias que sofreu por suas posições de esquerda; Bárbara não sentiu de vergonha de dizer sua origem nordestina nem de afirmar que "Marta é a melhor do mundo, seria injusto acontecer aquilo, fui buscar aquela bola por ela!".

E aqui tem algo a ser destacado: Bárbara sentia orgulho não só de si própria, como sentia orgulho de Marta. Essa auto-confiança combinada à solidariedade e empatia com a outra, de mulher para mulher, esse companheirismo, essa união, é conceituado pela luta feminista como sororidade. Grosso modo, é a aliança entre mulheres para evitar o pré-julgamento e o confronto baseados em elementos machistas e patriarcais. Do latim frater (irmão) nasceu o conceito de fraternidade; no latim sóror (irmã) está a origem da palavra sororidade.

Marta Suplicy, senadora ex-petista e hoje colega de Michel Temer e Eduardo Cunha, foi às redes sociais prestar solidariedade às atletas mulheres, sem levar em consideração o quanto de machismo, sexismo e misoginia há no processo golpista em curso contra a Presidenta Dilma.

Disse ela:
"Nestas Olimpíadas vai ser difícil saber para qual esporte torcer mais. Porém, tenho certeza, vou ficar atenta à força das nossas mulheres".

Deixei uma sugestão:
"Que tal aproveitar e também dicar atenta à força da mulher legitimamente eleita e contra a qual operam abertamente um golpe para tomar seu mandato?"

Não sei se minha indicação foi aceita. Acredito que não. Mas ao menos Marta (Suplicy) testemunhou o que todo o nosso país viu: a força da mulher brasileira - em forma de nado, de sororidade, de entrevista ou de luta - é a principal marca dos Jogos do Rio 2016.



(Pelo que me ensinaram e ensinam sempre, são co-autoras deste artigo Débora Cruz e Joana Vitória)



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