É do amigo Carlos Odas a frase: "Golpe é golpe, não é chá-das-cinco."
Esse foi o jeito encontrado por ele para ilustrar - e criticar - o comportamento de boa parte do governo Dilma, do PT e demais partidos, e mesmo de parcela dos movimentos populares e organizações da sociedade civil que, em meio à escalada do golpe, ainda enxergava e apostava em uma reversão via instituições republicanas.
Segundo essa lógica, n'algum momento os tribunais superiores barrariam abusos cometidos no âmbito da Lava-Jato (seletividade, por exemplo); ou ainda que com diálogo seria possível remontar uma base parlamentar, mostrar as gigantescas falhas e farsas do processo de impeachment e barrar o golpe no Congresso Nacional; ou, o que dizem que foi pior, acreditar que o STF guardaria a Constituição, e entrar com recurso a todo instante, a cada passo, e ver que em vez de parar o processo golpista, a participação constante do Supremo trouxe um brilho de legalidade ao caso...
Nada disso adiantará. Nada disso adiantaria. Golpe não é chá-das-cinco e por isso não esperem etiqueta, protocolo, respeito às regras, obediência às leis, etc.
Hoje nos deparamos com mais um dos absurdos se acumulam de maneira surreal: a recomendação oficial da presidência da Comissão do Impeachment no Senado é excluir dos registros qualquer menção à "fraude", como "processo fraudulento", "fraude jurídica", etc. Registra o companheiro Bernardo Cotrim que "a censura das falas dos senadores busca prejudicar a pesquisa futura, já que as atas e notas taquigráficas são documentos históricos".
Ou seja, não basta dar um golpe. É preciso, pelo jeito, não permitir o registro dele.
- Me passa o açúcar?
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