Não bastou acabar com o Ministério das Mulheres, Direitos Humanos, Juventude e Promoção da Igualdade Racial.
Não foi suficiente montar uma Esplanada inteira sem mulheres e negros.
Agora o Governo Interino de Eduardo Temer, digo, Michel Cunha, enfim, a Turma do Golpe vai medir a negritude dos/as candidatos/as em concursos públicos.
Isso mesmo. Uma banca definirá se a pessoa é negra; ou se é negra o suficiente.
Regrediremos décadas na questão do combate ao racismo e da implementação de políticas afirmativas e reparatórias, pois o conceito de raça deixará de ser categoria sociológica para voltar a ser fator biológico. Um retrocesso incalculável!
Aliás, um retrocesso que se não for barrado imediatamente, abrirá precedente para adoção da mesma prática (banca de pseudo-especialistas) para identificação de outros grupos sociais, como indígenas, quilombolas, etc.
A questão da autodeclaração é polêmica? Não, não é, e explico: ela só é questionada quando beneficia uma minoria, quando cria condições mais justas de disputa. De resto, ninguém põe em xeque. Ou você já viu campanha nas redes sociais contra o IBGE ou Censo Demográfico Brasileiro? Não viu, né? E o Censo utiliza o pertencimento racial autodeclaratório há anos...
Por fim, me pergunto quem é que comporá estas absurdas bancas? Quem terá a capacidade de analisar visualmente alguém e atestar se ela já foi vítima de racismo ou se sofreu preconceito? Quem conseguirá através de uma entrevista dar um veredicto se alguém teve oportunidades e direitos negados? Quem terá o poder de ver nos olhos da pessoa a marca de uma vida de discriminações (latentes, silenciosas, institucionalizadas, culturais)?
Digo e repito: o golpe não é só contra Dilma, contra a Constituição ou os 54 milhões de votos; ele é sobretudo contra as conquistas, todas as conquistas, do povo brasileiro, da classe trabalhadora e dos segmentos historicamente excluídos.
Infelizmente, ainda há muito o que temer...
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