quarta-feira, 24 de agosto de 2016

COMO A LAVA-JATO SERVIU AO GOLPE?

Como a Lava-Jato serviu ao Golpe?

Eis o balanço em números:

1.337 manifestações
364 investigados
147 quebras de sigilo fiscal
168 de sigilo bancário
121 de dados telefônicos
162 buscas e apreensões
81 inquéritos
45 acusados
41 delações
16 sequestros de bens
14 denúncias
1 presidente golpeada e
0 tucanos presos.

#ParabénsAosEnvolvidos



REJEIÇÃO A TEMER É NACIONAL, DIZ IBOPE

Aprovação popular é motivo para afastamento da Presidenta?

A pegunta é válida, pois perante as diversas provas de que Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade e que sequer podem ser imputadas diretamente a ela as tais pedaladas, alguns senadores tem apelado a suposta desaprovação popular como justificativa de voto. Além de ser inconstitucional e politicamente fraudulento, o golpe justificado em tais argumentos é também uma grande hipocrisia: o presidente interino Michel Temer, principal beneficiário pela manobra ilegítima, já é fortemente rejeitado pela população brasileira.

É isso que revela a pesquisa divulgada pelo Ibope nesta semana.

O Blog do Éden analisou cada um dos questionários feitos pelo Ibope em 21 cidades, das cinco regiões do país. E os números não são nada bons para a turma de Temer, Cunha e cia limitada.

REPROVAÇÃO

Consideramos como opinião negativa acerca do governo Temer apenas as respostas Ruim e Péssimo (descartando Regular). Na média das 21 cidades, Temer tem reprovação de 43% dos entrevistados. Destaque para a região Nordeste onde o índice de rejeição chega a 48,3%, especialmente para a Bahia, onde o interino tem a reprovação de 50% da população de Feira de Santana e de 53% dos soteropolitanos.

APROVAÇÃO

Também descartando a opção Regular, classificamos como aprovação as respostas Bom e Ótimo dadas aos entrevistadores da pesquisa. E ela é muito baixa. Em média, apenas 12,9% disseram aprovar Temer. E o município onde o governo ilegítimo alcançou maior índice foi Londrina, no Paraná, mesmo assim muito aquém do que gostariam seus aliados: 21%. Aliás, o máximo que o governo golpista conseguiu de Ótimo foi míseros 3%.

SENTIMENTO NACIONAL

E não adianta sequer evocar o regionalismo para justificar a alta reprovação do vice-presidente em exercício. A rejeição a Temer é nacional. Em Porto Alegre-RS, tem 42% de reprovação; na terra natal de seu aliado Aécio Neves, Belo Horizonte-MG, 47% da população reprovam Temer; e assim segue em São Paulo-SP (41%), Rio de Janeiro-RJ (42%), Palmas-TO (40%) e Fortaleza-CE (49%).

terça-feira, 23 de agosto de 2016

SALVADOR É CONTRA O GOLPE, REVELA IBOPE



A pesquisa Ibope/TV Bahia que avalia o cenário eleitoral de Salvador revelou que a maioria da população da capital baiana rejeita o presidente golpista, Michel Temer. Segundo o levantamento, 53% dos entrevistados qualificam a gestão de Temer como péssima ou ruim. 53%!

E antes que que digam que essa é uma consequência da desaprovação geral da classe política, a mesma pesquisa aponta que o governador e o próprio prefeito tem índices bem menores de desaprovação: Rui 17% e ACM Neto 12%. 

Ou seja, Salvador é contra o golpe!

Reiteramos, então, o que dissemos aqui há cerca de 30 dias:

  • A eleição em Salvador está aberta, nada está decidido;
  • Neto larga com vantagem, mas está no seu teto e a tendência é cair;
  • Campanha de Alice acerta ao nacionalizar a campanha. 

--

Quem quiser conferir os números completos, o link para a pesquisa é esse: http://www.ibopeinteligencia.com/ 

A consulta está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) e ouviu 602 soteropolitanos entre a ultima quarta-feira (17) e esta segunda-feira (22). Dos entrevistados, 43% não responderam à questão ou não quiseram opinar. A margem de erro é 4 pontos para mais ou para menos e o nível de confiança estimado é de 95%.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

TRUCULÊNCIA

O Blog do Éden o compartilha artigo Truculência, da repórter especial Eleonora de Lucena, publicada na Folha de S.Paulo de hoje (22).

TRUCULÊNCIA

O Brasil entrou no centro da disputa geopolítica mundial. Tem riquezas naturais, mercado interno, posição estratégica. Construiu economia diversificada e complexa, terreno para grandes empresas nacionais e ambiente potencial para desenvolvimento de tecnologias de ponta.

Os Estados Unidos, acostumados a nadar de braçada no continente, começaram a ver o avanço chinês no que consideram seu quintal. Investimentos, comércio, parcerias com os orientais cresceram de forma exponencial.
Não parece ser coincidência a intenção norte-americana de voltar a ter bases militares na América do Sul (na sempre sensível tríplice fronteira e na Patagônia, que vigia o estreito de Magalhães, curva entre dois mundos). Nem parece ser ao acaso a escolha dos alvos do momento: a Petrobras, as grandes empresas e até o programa nuclear.

Nos últimos anos, o país mostrou zelar por sua autonomia e buscou alianças fora da influência dos EUA. Com China, Rússia, Índia e África do Sul, o Brasil ergueu os Brics e um banco de desenvolvimento inovador.
Aqui, reforçou o Mercosul - alvo imediato de ataque feroz do interino, afoito em mostrar serviço para o Norte e ressuscitar relações subalternas.

Esse contexto maior escapa da verborragia conservadora, ansiosa em reduzir a crise atual a um confronto raso entre supostos corruptos e hipotéticos éticos. Bastaram poucas semanas para deixar evidente a trama hipócrita e podre do bando que tenta abocanhar o poder.

O que está em jogo é muito mais do que uma simples troca de governo. É a própria ideia de país.
Falar de luta de classes e de projeto nacional deixou alguns leitores ouriçados. Mas, apesar da operação de marketing em curso, os objetivos do atropelo à Constituição são claros: concentrar riqueza, liberar mercados, desnacionalizar a economia, desmantelar o Estado.

O discurso dos sem-voto que se aboletaram no Planalto tenta editar um macarthismo tosco, elegendo um inimigo interno. Agridem os de vermelho (sempre eles!), citados como os culpados de todo o mal, numa manobra conhecida dos movimentos fascistas desde o início do século 20.

Quem se atreve a discordar do rolo compressor elitista é logo tachado de "maluco" pelos replicantes da direita raivosa. Dizem que os que apontam as contradições atuais são saudosos do século 19.

Viúvos do século 19 são os que querem agora surrupiar direitos e restabelecer condições de exploração do trabalho daqueles tempos. Com a retórica de uma suposta modernidade, atacam conquistas sociais e pregam o desmonte da corajosa Constituição de 1988.

Alegam que a matemática não permite que o Estado cumpra suas funções perante os cidadãos. Para eles, a matemática deve servir apenas aos mais ricos e a seus juros maravilhosos. Num giro chinfrim, mandam às favas o tal controle do deficit público: gastam tudo para atender corporações, amigos e ganhar votos.

Com uma cortina de fumaça, arriscam confundir esquerda com autoritarismo. Projetam, assim, no adversário, os seus desejos ocultos. Afinal, o programa dos não eleitos só poderá ser implantado integralmente num regime de força, que censure e elimine a voz dos mais fracos.

As exibições de truculência absurda nos estádios da Olimpíada, proibindo manifestações de "Fora, Temer!" e rasgando os direitos constitucionais de livre manifestação e opinião, parecem ser uma terrível amostra de tempos sombrios pela frente.

O Senado vai enfrentar o julgamento da história.

ELEONORA DE LUCENA, 58, jornalista, é repórter especial da Folha. Editora-executiva do jornal de 2000 a 2010, escreve livro sobre Carlos Lamarca

RIO 2016: QUAL O SEU DESTAQUE?

Teve de tudo. Conquistas históricas, superação, recordes, mentiras, lesões e vaias, muitas vaias. E se você tivesse que escolher apenas uma imagem ou fato de destaque destas Olimpíadas, qual seria?

Não precisa ter muito argumento, não. Basta ser a que você mais gostou.

Eu, por exemplo, primeiramente fico com o FORA TEMER que ecoou desde a abertura até o encerramento – mesmo com a proibição do COI e do Governo Golpista. Mas não tem como não lembrar do tenista sérvio Novak Djokovic que ao responder se sabia que seu apelido no Brasil era Djoko, mandou um engraçadíssimo “Djokinho!”.













Deixe aqui nos comentários o seu destaque.

Ah, vão aqui abaixo alguns fatos que podem ajudar sua memória:

ESPÍRITO OLÍMPICO. Duas corredoras, a americana Abbey D'Agostino e a neozelandesa Nikki Hamblin, chocaram-se e foram ao chão na semifinal dos 5.000 m. Uma ajudou a outra a se levantar, ambas concluíram a prova e receberam medalha de Fair Play esportivo do COI.

PEIXINHO. A corredora Shaunae Miller, das Bahamas, liderava os 400 m, mas foi perdendo terreno nos metros finais. Na hora da chegada, deu um "peixinho" que lhe rendeu a medalha de ouro.

MENTIRA TEM BRAÇO CURTO. O nadador dos EUA Ryan Lochte disse ter sido assaltado, mas investigações desmentem a declaração do atleta.

DIVERSIDADE SEXUAL. Após a final do rúgbi sevens, a jogadora brasileira Isadora Cerullo foi surpreendida pelo pedido de casamento de sua namorada, Marjorie Enya, voluntária dos Jogos. Ela disse sim.

FÃ DESDE CRIANCINHA. Era para ser a apoteose de Michael Phelps, com seu último ouro em Olimpíadas. Mas o americano teve de se contentar com a prata nos 100m borboleta e se espremer no pódio com Chad le Clos e Laszlo Cseh. O ouro foi para Joseph Schooling, atleta de Cingapura e fã de Phelps.

FRATURA. O ginasta francês Samir Ait Said sofreu uma impressionante fratura na perna durante o qualificatório. O francês era cotado para ganhar medalha,

PISCINA VERDE. O tanque de saltos ornamentais do Centro Aquático Maria Lenk, de repente, amanheceu verde...

PIRIRI. O francês Yohann Diniz passou mal durante os 50 km da marcha atlética, não conseguiu se controlar e defecou enquanto marchava. Desmaiou dez minutos depois e, ainda assim, conseguiu chegar em oitavo.

PHELPS. Por duas razões: as conquistas histórias de medalhas (cinco ouros e uma prata) e o uso de tratamento com ventosas, prática tradicional chinesa, que deixou aquelas bolinhas roxas nas costas do norte-americano...

DJ DA ARENA. E o DJ da Arena do Vôlei de Praia que, ao ver as jogadoras do Egito atuarem com a cabeça e o corpo cobertos, tocou as músicas Ê, faraó, do Olodum, e Dança do Ventre, do É o Tchan, “para que elas se sentissem em casa”.

USAIN BOLT. O jamaicano ganhou o "triplo tri", o tricampeonato Olímpico dos 100m rasos, 200m rasos e do revezamento.

TEDDY RINER. O judoca francês manteve sua sequência de mais de cem lutas invicto sem sofrer um golpe.

SIMONE BILES. A ginasta dos Estados Unidos brilhou em sua primeira Olimpíada, com quatro ouros e um bronze.

KATINKA HOSSZU. A nadadora húngara, que acumulava medalhas em Mundiais mas não em Olimpíadas, saiu do Rio com três ouros e ajudou seu país a ficar no Top15 do quadro de medalhas.

VITÓRIA DOS SILVA. Numa Olimpíada muito brasileira, medalhistas têm o sobrenome mais comum do país: Rafaela Silva (ouro no judô), Thiago Braz da Silva (ouro no salto com vara) e - Mayra Aguiar da Silva (bronze no judô).


(Com informações da Folha)

sábado, 20 de agosto de 2016

BAHIA, TERRA DA FELICIDADE



Se a Bahia fosse um país reconhecido pelo COI (na ONU processo já está em andamento! Rsrs) ocuparia o 41º lugar no Quadro de Medalhas, com 1 ouro, 2 pratas e 1 bronze.

Essa posição já é vitoriosa, pois nos coloca à frente de Romênia, Turquia, Israel, Irlanda, Noruega e também da Índia, do México e de Portugal. Mas não estamos satisfeitos, não.

Tóquio 2020 a Bahia tem como meta ficar no Top20. Dá até música... Hahaha...

PS: quem é preguiçoso agora, compadre?!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A MATEMÁTICA DE ACM NETO


Período eleitoral é importante para discutirmos a cidade, seus rumos, suas possibilidades, mas também fazer um balanço do que foi sua última gestão. Não gosto de “zerar” a administração do DEM somente porque são adversários políticos históricos. Em alguns aspectos a cidade melhorou, sim, e não há problema em reconhecer isso.

A questão é que o saldo não é positivo.

No final das contas, a matemática de ACM Neto multiplicou patrimônio, dividiu a cidade, diminuiu a participação social e somou promessas não cumpridas.

MULTIPLICAÇÃO
Em 2012, quando foi eleito, Neto declarou ter R$ 13,3 milhões em bens e já era, disparado, o candidato mais rico. Agora, em 2016, o patrimônio do democrata mais que dobrou: R$ 27,8 milhões.

DIVISÃO
É sentimento corrente na cidade que o prefeito investiu mais nas áreas nobres do que nas comunidades populares de Salvador. Uma rápida comparação dos investimentos feitos na Orla Atlântica em relação a Orla da Baía de Todos os Santos não deixa dúvidas. Isso sem falar no baixo investimento nos temas mais urgentes às periferias, como as encostas, a questão da iluminação pública, a coleta de lixo, etc.

SUBTRAÇÃO
Foi diminuída – quase que totalmente – as possibilidades de participação social na gestão das políticas públicas na nossa capital. O prefeito fez opção pelas decisões de gabinete em questões que mexem com a estrutura, a dinâmica e o imaginário coletivo da cidade. Assim foi com o PDDU, a LOUOS, mas também com as obras do Rio Vermelho e da Barra. Além disso, a capacidade de ouvir a opinião da sociedade civil, dos movimentos sociais ou da academia foi interrompida pela gestão do DEM – mesmo nas prefeituras-bairro ou nos conselhos municipais temáticos.

ADIÇÃO
Mesmo os apoiadores de ACM Neto reconhecem que inúmeras promessas de campanha não foram cumpridas nestes quatro anos: a construção do BRT e do novo Aeroclube são duas delas, mas tem também o Hospital Municipal, o Centro Administrativo, a Maternidade e a tão badalada frota de Ônibus com Ar-Condicionado. Contudo, a quebra de promessa mais sentida pelos cidadãos foi a de não aumentar impostos. Neto aumentou o IPTU, passou a cobrar o ITIV de forma antecipada e implementou uma indústria de multas via Transalvador.

Se botar na ponta do lápis direitinho, o resultado é negativo para a maior parte da cidade... 

terça-feira, 16 de agosto de 2016

DILMA APRESENTA MENSAGEM



Mensagem da Presidenta da República Dilma Rousseff AO SENADO FEDERAL E AO POVO BRASILEIRO

Brasília, 16 de agosto de 2016

Dirijo-me à população brasileira e às Senhoras Senadoras e aos Senhores Senadores para manifestar mais uma vez meu compromisso com a democracia e com as medidas necessárias à superação do impasse político que tantos prejuízos já causou ao País.

Meu retorno à Presidência, por decisão do Senado Federal, significará a afirmação do Estado Democrático de Direito e poderá contribuir decisivamente para o surgimento de uma nova e promissora realidade política.

Minha responsabilidade é grande. Na jornada para me defender do impeachment me aproximei mais do povo, tive oportunidade de ouvir seu reconhecimento, de receber seu carinho. Ouvi também críticas duras ao meu governo, a erros que foram cometidos e a medidas e políticas que não foram adotadas. Acolho essas críticas com humildade e determinação para que possamos construir um novo caminho.

Precisamos fortalecer a democracia em nosso País e, para isto, será necessário que o Senado encerre o processo de impeachment em curso, reconhecendo, diante das provas irrefutáveis, que não houve crime de responsabilidade. Que eu sou inocente.
No presidencialismo previsto em nossa Constituição, não basta a desconfiança política para afastar um Presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade. E está claro que não houve tal crime.

Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo “conjunto da obra”. Quem afasta o Presidente pelo “conjunto da obra” é o povo e, só o povo, nas eleições.

Por isso, afirmamos que, se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de estado. O colégio eleitoral de 110 milhões de eleitores seria substituído, sem a devida sustentação constitucional, por um colégio eleitoral de 81 senadores. Seria um inequívoco golpe seguido de eleição indireta.

Ao invés disso, entendo que a solução para as crises política e econômica que enfrentamos passa pelo voto popular em eleições diretas. A democracia é o único caminho para a construção de um Pacto pela Unidade Nacional, o Desenvolvimento e a Justiça Social. É o único caminho para sairmos da crise.

Por isso, a importância de assumirmos um claro compromisso com o Plebiscito e pela Reforma Política.

Todos sabemos que há um impasse gerado pelo esgotamento do sistema político, seja pelo número excessivo de partidos, seja pelas práticas políticas questionáveis, a exigir uma profunda transformação nas regras vigentes.
Estou convencida da necessidade e darei meu apoio irrestrito à convocação de um Plebiscito, com o objetivo de consultar a população sobre a realização antecipada de eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral.

Devemos concentrar esforços para que seja realizada uma ampla e profunda reforma política, estabelecendo um novo quadro institucional que supere a fragmentação dos partidos, moralize o financiamento das campanhas eleitorais, fortaleça a fidelidade partidária e dê mais poder aos eleitores.

A restauração plena da democracia requer que a população decida qual é o melhor caminho para ampliar a governabilidade e aperfeiçoar o sistema político eleitoral brasileiro.

Devemos construir, para tanto, um amplo Pacto Nacional, baseado em eleições livres e diretas, que envolva todos os cidadãos e cidadãs brasileiros. Um Pacto que fortaleça os valores do Estado Democrático de Direito, a soberania nacional, o desenvolvimento econômico e as conquistas sociais.

Esse Pacto pela Unidade Nacional, o Desenvolvimento e a Justiça Social permitirá a pacificação do País. O desarmamento dos espíritos e o arrefecimento das paixões devem sobrepor-se a todo e qualquer sentimento de desunião.

A transição para esse novo momento democrático exige que seja aberto um amplo diálogo entre todas as forças vivas da Nação Brasileira com a clara consciência de que o que nos une é o Brasil.

Diálogo com o Congresso Nacional, para que, conjunta e responsavelmente, busquemos as melhores soluções para os problemas enfrentados pelo País.

Diálogo com a sociedade e os movimentos sociais, para que as demandas de nossa população sejam plenamente respondidas por políticas consistentes e eficazes. As forças produtivas, empresários e trabalhadores, devem participar de forma ativa na construção de propostas para a retomada do crescimento e para a elevação da competitividade de nossa economia.
Reafirmo meu compromisso com o respeito integral à Constituição Cidadã de 1988, com destaque aos direitos e garantias individuais e coletivos que nela estão estabelecidos. Nosso lema persistirá sendo “nenhum direito a menos”.

As políticas sociais que transformaram a vida de nossa população, assegurando oportunidades para todas as pessoas e valorizando a igualdade e a diversidade deverão ser mantidas e renovadas. A riqueza e a força de nossa cultura devem ser valorizadas como elemento fundador de nossa nacionalidade.

Gerar mais e melhores empregos, fortalecer a saúde pública, ampliar o acesso e elevar a qualidade da educação, assegurar o direito à moradia e expandir a mobilidade urbana são investimentos prioritários para o Brasil.

Todas as variáveis da economia e os instrumentos da política precisam ser canalizados para o País voltar a crescer e gerar empregos.

Isso é necessário porque, desde o início do meu segundo mandato, medidas, ações e reformas necessárias para o país enfrentar a grave crise econômica foram bloqueadas e as chamadas pautas-bomba foram impostas, sob a lógica irresponsável do “quanto pior, melhor”.

Houve um esforço obsessivo para desgastar o governo, pouco importando os resultados danosos impostos à população. Podemos superar esse momento e, juntos, buscar o crescimento econômico e a estabilidade, o fortalecimento da soberania nacional e a defesa do pré-sal e de nossas riquezas naturais e minerárias.

É fundamental a continuidade da luta contra a corrupção. Este é um compromisso inegociável. Não aceitaremos qualquer pacto em favor da impunidade daqueles que, comprovadamente, e após o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa, tenham praticado ilícitos ou atos de improbidade.
Povo brasileiro, Senadoras e Senadores,
O Brasil vive um dos mais dramáticos momentos de sua história. Um momento que requer coragem e clareza de propósitos de todos nós. Um momento que não tolera omissões, enganos, ou falta de compromisso com o país.

Não devemos permitir que uma eventual ruptura da ordem democrática baseada no impeachment sem crime de responsabilidade fragilize nossa democracia, com o sacrifício dos direitos assegurados na Constituição de 1988. Unamos nossas forças e propósitos na defesa da democracia, o lado certo da História.

Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Tenho orgulho de dizer que, nestes anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Honrei os votos que recebi. Em nome desses votos e em nome de todo o povo do meu País, vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para assegurar a democracia no Brasil.

A essa altura todos sabem que não cometi crime de responsabilidade, que não há razão legal para esse processo de impeachment, pois não há crime. Os atos que pratiquei foram atos legais, atos necessários, atos de governo. Atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles, e também não é crime agora.

Jamais se encontrará na minha vida registro de desonestidade, covardia ou traição. Ao contrário dos que deram início a este processo injusto e ilegal, não tenho contas secretas no exterior, nunca desviei um único centavo do patrimônio público para meu enriquecimento pessoal ou de terceiros e não recebi propina de ninguém.

Esse processo de impeachment é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. O que peço às senadoras e aos senadores é que não se faça a injustiça de me condenar por um crime que não cometi. Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente.

A vida me ensinou o sentido mais profundo da esperança. Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que resistir à fraude e à mais infame injustiça.

Minha esperança existe porque é também a esperança democrática do povo brasileiro, que me elegeu duas vezes Presidenta. Quem deve decidir o futuro do País é o nosso povo.

A democracia há de vencer.

Dilma Rousseff


SOBRE AS VAIAS. SOB VAIAS. SOBE VAIAS!

Está rolando uma polêmica sobre as vaias da torcida brasileira nestas Olimpíadas. A rede BBC, de Londres, chegou a fazer matéria classificando os diferentes tipos de vaia.

Ontem o debate voltou a tona por conta das reações do francês Renaud Lavillenie após a final do salto com vara - quando perdeu para o brasileiro Thiago Braz da Silva e deixou sua crítica no Instagram.

Ninguém me pediu, é verdade, mas vai aqui minha opinião:

Primeiramente, Fora Temer! É isso mesmo. Talvez a única coisa que me motivaria a vaiar seria o golpista-mor e sua turma. Aliás, como deve ter sido bom ver o Presidente Decorativo tentar fugir, se acovardar e ainda assim tomar uma enorme vaia na abertura...

Em segundo lugar, eu não vaiaria o francês, nem qualquer outro adversário de atleta/time brasileiro para tentar desconcentrar ou atrapalhar sua performance. Sou, por assim dizer, muito fair play. Não faria isso, nem acho que é isso que os torcedores brasileiros fazem. Acho que a maioria vaia porque vaiamos mesmo nossos adversários; é como uma demonstração de anti-apoio, um jeito de gritar "não torcemos por você mas pelo outro"; é o revés do aplauso.

Vaiamos porque somos educados assim, fomos criados assim, vaiando o Sargento Pincel e aplaudindo Didi Mocó; vaiando Pedro de Lara e aplaudindo Sérgio Malandro; como bem disse Nelson Rodrigues, por aqui vaiamos até minuto de silêncio...

Mas, enfim, dito o que mereceria ou não minha vaia, ou ainda os porquês dos brasileiros vaiarem, o fato é que os visitantes, sobretudo os europeus, tem que parar de reclamar e entender que existem outras formas de torcer, outras maneiras de se comportar e reagir aos jogos, outros protocolos, outras etiquetas, outras tradições. Em vez de tentar nos dizer o que podemos ou não fazer, ao invés de buscar nos ensinar boas-maneiras, os visitantes estrangeiros deveriam aprender com nossa alegria, nossa emoção, nosso envolvimento com as disputas.

Torce lá pros seus e deixa que torcemos nós pelos nossos. Cada um faz a sua e a amizade continua. Afinal, como disse o mestre Flávio José: quem é você pra derramar meu munguzá?

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

BRASIL ENSINOU A PESCAR... MEDALHAS!



A delegação recorde do Brasil na história das Olimpíadas conta com um importante aliado na preparação para os Jogos Rio 2016: o Estado Brasileiro. Os programas do Governo Federal beneficiam 358 dos 465 desportistas que representaram o país no megaevento. O número representa 77% do total de brasileiros que estão competindo nos Jogos.

Os benefícios estatais, as chamadas bolsas, servem para apoiar atletas que tenham obtido bons resultados em competições nacionais e internacionais de suas modalidades, independentemente de sua condição econômica. São seis categorias de bolsas, pagas em 12 parcelas, cujo valor mensal varia de R$ 310 a R$ 15 mil. Nas Olimpíadas, são 140 desportistas da categoria Internacional, 105 da categoria Pódio, 57 da categoria Olímpica e 56 da categoria Nacional.

BOLSA ATLETA
Considerado o maior programa de patrocínio individual do mundo, o Bolsa Atleta completou em 2015, uma década de atuação, com mais de 43 mil bolsas concedidas para mais de 17 mil atletas. Os investimentos no período alcançaram a marca de R$ 600 milhões nas categorias de Base, Estudantil, Nacional, Internacional e Olímpico/Paralímpico.

BOLSA PÓDIO
Já pela Bolsa Pódio, já foram investidos mais de R$ 60 milhões em 318 atletas desde 2013. Atualmente, 231 atletas de modalidades individuais (olímpicas e paralímpicas) são patrocinados nesta categoria. A Bolsa Pódio é uma ação do Plano Brasil Medalhas pelo qual o Ministério do Esporte e empresas estatais também apoiam mais 179 atletas de modalidades coletivas (olímpicas e paralímpicas). Os recursos do Plano para esses 399 atletas já somam investimentos na ordem de R$ 287,3 milhões.

ENSINAR A PESCAR

Os programas foram criados por Lula, que foi o presidente que trouxe a Olimpíada para o Brasil, e seguidos por Dilma, que organizou toda a estrutura para os jogos do Rio.

Além de desconstruir a ideia cotidianamente batida na "opinião publicada" no Brasil de que não há uma política nacional de Esportes, as ações de Lula e Dilma servem também para desmistificar um mantra sofismático da direita tupiniquim segundo a qual os programas de assistência do Estado Brasileiro "dão o peixe em vez de ensinar a pescar".

Essa leitura mentirosa da realidade é usada como base para os ataques do atual governo golpista não só ao Bolsa Atleta e afins, como também para programas de assistência nas áreas da Educação, da Cultura e do Desenvolvimento Social. Basta uma rápida leitura nos jornais da grande imprensa para perceber que o Ciência sem Fronteiras, o FIES, o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa-Família já são alvo de Temer e cia.

sábado, 13 de agosto de 2016

JOGUE, CORRA, NADE, LUTE COMO UMA MULHER!



Eu não sei o nome do mascote da Rio 2016. É possível que você também não. Mas todos nós sabemos quem é Rafaela Silva, Joana Maranhão, Mayra Aguiar, Marta e Bárbara.

São atletas, umas já medalhistas, outras ainda não. Umas competem de quimono, duas de chuteiras e outra de maiô. Mas todas lutam. Lutam contra o histórico machismo enraizado nas nossas relações. Machismo que torna desigual seu lugar no imaginário coletivo; a expectativa em torno do seu papel, fala, discurso e comportamento; que desequilibra a cobertura da mídia; que faz injustiça com todas as remunerações, salários e ganhos...

Elas lutam e vencem. Hoje as Olimpíadas do Rio de Janeiro tem a cara, a voz, o suor e jeito da mulher brasileira. São elas que empolgam, estimulam e emocionam o povo brasileiro. São elas o motivo de expectativa, torcida e orgulho.

E acredito que muito do orgulho que a sociedade brasileira hoje tem dessas guerreiras deriva do orgulho-próprio que elas cultivam e demonstram por si, por suas histórias, suas opiniões, suas trajetórias. Rafaela não escondeu que era negra e lésbica; Joana não fugiu das ofensas e injúrias que sofreu por suas posições de esquerda; Bárbara não sentiu de vergonha de dizer sua origem nordestina nem de afirmar que "Marta é a melhor do mundo, seria injusto acontecer aquilo, fui buscar aquela bola por ela!".

E aqui tem algo a ser destacado: Bárbara sentia orgulho não só de si própria, como sentia orgulho de Marta. Essa auto-confiança combinada à solidariedade e empatia com a outra, de mulher para mulher, esse companheirismo, essa união, é conceituado pela luta feminista como sororidade. Grosso modo, é a aliança entre mulheres para evitar o pré-julgamento e o confronto baseados em elementos machistas e patriarcais. Do latim frater (irmão) nasceu o conceito de fraternidade; no latim sóror (irmã) está a origem da palavra sororidade.

Marta Suplicy, senadora ex-petista e hoje colega de Michel Temer e Eduardo Cunha, foi às redes sociais prestar solidariedade às atletas mulheres, sem levar em consideração o quanto de machismo, sexismo e misoginia há no processo golpista em curso contra a Presidenta Dilma.

Disse ela:
"Nestas Olimpíadas vai ser difícil saber para qual esporte torcer mais. Porém, tenho certeza, vou ficar atenta à força das nossas mulheres".

Deixei uma sugestão:
"Que tal aproveitar e também dicar atenta à força da mulher legitimamente eleita e contra a qual operam abertamente um golpe para tomar seu mandato?"

Não sei se minha indicação foi aceita. Acredito que não. Mas ao menos Marta (Suplicy) testemunhou o que todo o nosso país viu: a força da mulher brasileira - em forma de nado, de sororidade, de entrevista ou de luta - é a principal marca dos Jogos do Rio 2016.



(Pelo que me ensinaram e ensinam sempre, são co-autoras deste artigo Débora Cruz e Joana Vitória)



quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SUZANA É QUE PRECISA CONHECER O NORDESTE

Suzana Vieira acha que nós, filhos do Norte e Nordeste, precisamos saber o que se passa em Curitiba. Melhor dizendo, ela acha que se deve “espalhar para o Brasil” isso que está sendo feito no Paraná. O “isso”, no caso, é o trabalho da operação Lava-Jato.

Não, você não leu errado. Suzana Vieira quer ensinar Justiça ao Norte e Nordeste Brasileiro!

Mas será que Sônia Maria – sim, esse é seu nome de batismo – conhece o cearense Clóvis Beviláqua? Ela já leu Joaquim Nabuco, recifense de Pernambuco? Será que Sônia, digo, Suzana estudou a vida e obra do baiano Ruy Barbosa?

Para falar só dos nordestinos, ela conhece Dom Hélder Câmara, Jackson do Pandeiro, Luís da Câmara Cascudo, Jorge Amado, Castro Alves, Lampião ou João Cabral de Melo Neto?

Sabe quem foi Zumbi dos Palmares, Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi, Ariano Suassuna, Celso Furtado, Hermeto Pascoal, Paulo Freire, Graciliano Ramos ou Raquel de Queiroz?

Talvez seja o contrário. É a gente que tem que ensinar Nordeste para Suzana.

E se não gostar de estudar, não tem problema. Ainda dá para conhecer um bocado de nordestino bom. Na música, pode ouvir Alceu Valença, Ivete Sangalo, Xangai, Alcione, Caetano Veloso, Otto, Elba Ramalho, Gilberto Gil e Pitty. Nas artes cênicas, pode assistir Lázaro Ramos, Arlete Salles, Wagner Moura, Marco Nanini e Luiz Miranda. Mas se gostar de política, quem sabe, pode dialogar com Luiza Erundina, Ciro Gomes, Flávio Dino, Luiz Inácio Lula da Silva.


Aliás, este último é melhor não. Quem não gosta do Nordeste, não gosta de Lula. Se não entender o Lula, fica muito mais difícil entender o Nordeste...

terça-feira, 9 de agosto de 2016

NO FINAL (desse texto) CONCORDEI COM CUNHA (você também irá)

"Por 59 x 21 votos, o Senado tornou a Presidenta Dilma ré". Essa deve ser a manchete que mais aparece nas nossas timelines hoje.

Pois eu quero discordar dessa manchete e afirmar com todas as letras que trata-se de uma mentira!

A Presidenta não é ré. Ela sequer foi suspeita. Nunca foi investigada. Dilma é culpada. Sempre foi, desde o início, desde antes, desde sempre.

Aceitar as supostas condições de suspeita, investigada ou ré é aceitar a legitimidade deste suposto julgamento. Não houve julgamento. Trata-se de uma fraude jurídica sem precedentes, de uma farsa política sem paralelo na história recente do Brasil.

Esse processo sempre foi uma sentença em busca de um crime. Um golpe à procura de um pretexto.

Desde o famigerado pedido de recontagem de votos feito PSDB nos dias seguintes à eleição, passando pelas ações para cassar a chapa, até o pedido de anular o registro do PT, a verdade é que a "decisão" estava tomada: tirar Dilma da Presidência da República.

Assim pensaram, se articularam e conspiraram setores da oposição partidária, do empresariado, do mercado financeiro, do judiciário e da mídia oligárquica.

Com isso eu quero dizer que o PT não errou? Não. Com isso quero dizer que Lula e Dilma não falharam? Não.

Com isso eu quero dizer exatamente o que estou dizendo: a decisão de tirar Dilma do poder foi tomada muito antes da farsa do julgamento.

E daí se todos pedalaram? E daí se os decretos não são ilegais? E daí se não houve crime de responsabilidade? Estas são desculpas, são pretextos, subterfúgios sem maior importância. O foco é tirar a Presidenta. As razões, os motivos, as justificativas podem vir de qualquer Janaina da vida. Paguem 45 mil e arrumem uma!

Aliás, aos deputados e senadores, é dado o direito, inclusive, de achar a desculpa que melhor convier: pela crise econômica, pela família, pela Petrobrás, pelos filhos, pela falta de apoio, pela esposa, pelas promessas de campanha, por Deus... Por coisa qualquer! Desde que tirem aquela mulher da cadeira!

Por quê?

Porque perderam as últimas quatro eleições; porque suas ideias foram quatro vezes rejeitadas pelo povo; porque não tem - nem nunca tiveram - respeito pela soberania popular e pela Democracia.

E para quê?

Para o achatamento da democracia liberal; para redução do estado de bem-estar; para estreitamento das políticas de assistência e previdência social; para redução dos direitos trabalhistas; para interromper o avanço das conquistas das mulheres, negros, jovens, LGBTs; para que o Estado pare de ajudar pobre e este volte para o seu devido lugar.

Mas, voltando, Dilma não corrompeu, tampouco foi corrompida. Não cometeu crime algum, nem precisava. Sua sentença que vagava pelos corredores à procura de provas já não faz questão alguma de encontrar. Cumpra-se a pena e pronto. Hora de "virar a página, unificar o país e botar ordem e progresso"...

Enquanto isso Temer se cala sobre os 10 milhões, Gilmar promove mais algum churrasco e a cassação de Cunha fica para setembro... Aliás, vou finalizar citando o coisa-ruim do Cunha que, ao votar a favor do golpe, profetizou:

- Que Deus tenha misericórdia do Brasil.

Respondo eu:

- Amém.

“SALVADOR MELHOROU PARA QUEM?” PROVOCA ALICE EM ENTREVISTA EXCLUSIVA



Alice Portugal (57) nasceu em Salvador em um 16 de maio, data simbolicamente importante para o movimento estudantil e para as lutas populares da Bahia. Graduada em Farmácia-bioquímica pela UFBA, sempre foi filiada ao PCdoB, partido pelo qual foi deputada estadual de 1995 a 2002, e três vezes eleita deputada federal (2002, 2006 e 2010).

Alice tem um histórico de militância política que começou na luta contra o regime autoritário, marcou sua trajetória em defesa dos negros, índios e mulheres, e na luta ao lado dos professores, estudantes, profissionais de saúde e servidores públicos.

Escolhida pela sétima vez consecutiva na lista dos "Cabeças" do Congresso do DIAP, Alice foi oficializada como candidata à Prefeitura de Salvador em uma coligação que conta com o apoio do PCdoB, PT, PSB, PSD e PTN, além do governador Rui Costa, do ex-ministro Jaques Wagner e dos senadores Otto Alencar e Lídice da Mata.

Abrindo a série de entrevistas do Blog do Éden, a candidata comunista defende a nacionalização das eleições municipais, mais investimentos nas áreas sociais e provoca o atual prefeito, ACM Neto (DEM): “Salvador melhorou para quem? Para a grande massa, para o povo que mais precisa, não melhorou.”

Acompanhe a íntegra da entrevista:




Blog do Éden – Afastamento de Dilma, governo interino, ataque às políticas sociais, retomada de medidas neoliberais. Está claro que é golpe, mas a hora é de resistência ou reação?

Está claro que é golpe. De fato, como não houve qualquer crime que tenha sido comprovado, que pese sobre os ombros da Presidenta Dilma, não há porque ter impeachment. Então o momento é reagir, o momento é de resistir e reverter o golpe para garantir o retorno da presidente eleita com mais de 54 milhões de votos de brasileiros. Portanto, é hora de resistir, reagir e reverter o golpe.

Blog do Éden – Há quem aposte que o eleitor, ao escolher prefeito, analise apenas a questão local. Como esse cenário nacional influenciará a disputa em Salvador?

Essas eleições, mais do que nunca, serão eleições completamente ligadas ao cenário político nacional. É necessário traduzir nas cidades o tipo de governo, a forma e o foco de governo que queremos ter. Não é possível que os governos municipais sejam ligados ao governo golpista. Portanto, a expectativa é que essa eleição seja, de fato, completamente ligada à questão nacional, à questão democrática. Queremos cidades mais humanas, cidades que garantam os mesmos programas sociais que foram desenvolvidos durante os governos do Presidente Lula e da Presidenta Dilma. Primeiro democracia e “Fora Temer!”. Segundo o debate sobre a realidade de cada cidade, de cada município, articulada com a questão nacional.

Blog do Éden – Salvador melhorou. Esse é um sentimento presente na cidade. Por que mudar?

A resposta vem em forma de pergunta. Melhorou para quem? A verdade é que governar é fazer escolhas e a atual prefeitura, o gestor atual de Salvador, uma cidade extremamente complexa, ele optou por apenas fazer uma maquiagem nos principais cartões-postais da cidade. E isso, lamentavelmente, não resolve o problema de Salvador. Pequenas intervenções nos bairros populares e intervenções, por exemplo no Rio Vermelho, que o valor gasto de quase R$ 70 milhões poderia servir para construir creches em Salvador, que tem um déficit de 150 mil vagas. Portanto, melhorou para quem? Para a grande massa, para o povo que mais precisa, não melhorou. A cidade continua sendo a que menos investe em Saúde entre as capitais brasileiras, uma enorme desatenção em relação a Educação Pré-Escolar e Infantil, que é quando a criança consegue desenvolver o cognitivo e o emocional, e faz seu perfil ser construído. Se não fosse o governador do estado, Rui Costa, tomar providências com relação às encostas nós teríamos visto com a chuva deste ano novas vítimas como vimos nos anos anteriores. Isso sem falar na mobilidade, porque se o Governo do Estado não coloca os metrôs nos trilhos, estaríamos até hoje olhando aquele museu a céu aberto, desqualificado, que eram os resíduos das fracassadas tentativas de que o metrô funcionasse. Então é mudar, sim. Mudar para melhor, mudar para governar para aqueles que mais precisam.

Blog do Éden – O que está certo e deve continuar? O que precisa ser trocado?

O que está certo é continuar embelezando. Eu sou mulher e gosto de tudo bonito, então vamos continuar embelezando a cidade. Agora o que está errado, por exemplo, é a falta de democracia. Se for prefeita de Salvador, reconstruiremos os conselhos municipais, os conselhos precisam funcionar. Vamos constituir democracia nas prefeituras-bairros, não como está agora que é um processo permanente de cooptação de lideranças, e não de debate com as comunidades. Não há debate com os bairros, não há debate com as comunidades. Vamos também dar um jeito na questão dos programas sociais na cidade. Para que possamos estimular a geração de emprego e renda, vamos apostar na rede de economia solidária. Vamos conveniar com o Governo do Estado e oferecer formação técnica para nossos jovens ou mesmo adultos que busquem essa oportunidade. Vamos também ter atenção com os idosos, buscar programas que o Governo Federal já oferece, que estimulam a participação em atividades lúdicas que são importantes para o desenvolvimento e a saúde mental dos idosos. Enfim, nós vamos buscar focar nas pessoas porque essa é uma necessidade de Salvador.

Blog do Éden – Feminista, comunista, dilmista. Em tempos em que a política do ódio, como unificar Salvador?

Unificar Salvador dialogando e governando para toda a cidade. Essa é a matriz da solução democrática. Infelizmente o atual gestor tem uma visão extremamente autoritária, uma herança política autoritária que o leva, inclusive, a achar que não precisa ter eleições porque já pode se considerar reeleito. A escolha do seu candidato a vice foi dolorosamente explicitada como a escolha do seu sucessor. Então, na verdade, para o atual prefeito as eleições municipais são apenas o primeiro tempo das eleições de 2018. Portanto, nós vamos unificar a cidade tocando nas questões sociais. Nós precisamos de saúde, precisamos de maternidade, pois Salvador é uma cidade onde quase 50% das famílias são chefiadas por mulheres e onde não há maternidade, onde as gestantes perambulam pela cidade porque as maternidades estão cheias. Então nós vamos dialogar com toda a cidade e assim unificar os interesses e os direitos dos que mais precisam. Como mulher, como feminista, me coloco contra o machismo, contra a cultura do estupro e vamos fazer de Salvador uma cidade que desenvolva a cultura da paz, contra a intolerância religiosa. Nossa cidade é linda porque a alma do seu povo é leve, é boa, e nós precisamos trabalhar cada vez mais a cultura do respeito ao credo do outro, da tolerância. Então vamos unificar a cidade em torno destas questões.



segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A SEMANA EM BRASÍLIA



Segunda-feira (08/08)

Presidenta Eleita Dilma Rousseff segue sua caravana contra o golpe e participa, em Curitiba, do ato Circo da Democracia.

Parecer contra Eduardo Cunha deve ser lido no plenário da Câmara e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ) pode marcar data da votação.

(Crescem as articulações dos golpistas para livrar Cunha da cassação. Além da provável delação do deputado afastado, que pode significar o capítulo final do governo interino, a delação de Marcelo Odebrecht atingiu em cheio dois dos principais ícones do golpe: José “23 milhões” Serra e o próprio Michel “Pedi 10 milhões” Temer)



Terça-feira (09/08)

Senado vota pronúncia do processo de impeachment. (Como depende apenas de maioria simples, pronúncia deve ser aprovada)

CCJ da Câmara vota PEC do teto dos gastos públicos. (Teste importante para Articulação Política do Golpe. Mercado, a quem devem muita conta, acompanha de perto)

As bancadas do PSB, PR e PP articulam a construção de um novo bloco partidário na Câmara. (Seria a implosão do Centrão. Ver para crer)



Quarta-feira (10/08)

Senado: sessão do impeachment deve continuar com os discursos dos parlamentares (10 minutos para cada um dos 81 senadores). Os prazos para o julgamento final começam a contar assim que finalizada essa sessão.



Quinta-feira (11/08)

Projeto que aumenta salário de ministros do STF deve ser votado no Senado. (O relator Ricardo Ferraço (PSDB/ES) gravou vídeo antecipando ser contra o aumento)

CPI do CARF vota relatório e encerra os trabalhos. (Aqui tem cheiro de pizza...)



Sexta-feira (12/08)

Governo Provisório, Interino e Golpista completa 90 dias. (Blog do Éden publicará balanço do que foram estes três meses)

sábado, 6 de agosto de 2016

ONDE TODOS ESTÃO HOJE?

ONDE TODOS ESTÃO HOJE?

Temos no STF ministros que comentam o cenário político a todo instante. Interinamente no Ministério da Justiça, temos um cidadão conhecido pela seu apreço a publicidade. Nas redações dos periódicos e nas bancadas dos telejornais, gente que não perde oportunidade de emitir opinião sobre qualquer coisa, em especial, para defender a liberdade de expressão.

ONDE TODOS ESTÃO HOJE?

As redes sociais e os sites da mídia livre passaram o sábado inteiro postando provas, fotos e vídeos das denúncias de abuso de poder por parte da Força Nacional, Polícias Civil e Militar e da própria organização da Rio 2016 por todo o país. O motivo? Protestos pacíficos contra Temer e o Golpe no Brasil.

ONDE TODOS ESTÃO HOJE?

Onde estão os defensores da liberdade? Onde estão os que acusavam o Brasil de viver uma ditadura comunista?

ONDE TODOS ESTÃO HOJE?

Onde estão os que acusavam o governo petista de ser intervencionista? Onde estão os que diziam estar o país caminhando para o bolivarianismo da Venezuela ou de Cuba?

ONDE TODOS ESTÃO HOJE?

Calados. Envergonhados. Cúmplices. Comprados. Tem para todo gosto...

(...)

A vergonha mundial já foi sacramentada: o golpismo tentou fugir da tela, quebrou protocolo, retirou citação ao nome de Temer, mas nada adiantou. Tomou uma vaia tão grande, tão significativa e tão destacada na imprensa internacional que até o JN se viu obrigado a registrar...

Pois essa mesma imprensa mundial vai registrar o abuso policial e o ataque às liberdades de expressão, manifestação e reunião com as prisões e expulsões dos brasileiros que encampa o FORA TEMER.

E n'algum momento Globo, Band e Record não conseguirão mais cortar o close; Folha, Estadão e O Globo não evitarão as reportagens; Veja, Época e IstoÉ não subestimarão em seus editoriais.

E, de novo e novamente, Temer e seu governo golpista serão razão de vergonha para o Brasil. Teremos mais um motivo para pedir o FORA TEMER. Marcelo Odebrecht já nos deu 10 milhões...




sexta-feira, 5 de agosto de 2016

SOBRE A CERIMÔNIA DE ABERTURA DA RIO 2016

Notas e impressões rápidas sobre a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016:

- Eu esperava muito da Cerimônia. Quem tem a criatividade que o povo brasileiro tem, a expertise profissional em festas, espetáculos e grandes eventos, quem faz o Carnaval da Marquês e o Boi de Parintins, não teria nota de saída baixa, né? Não teve e alcançou. Belíssima execução e um roteiro muito, muito bom!

- Os temas principais, as mensagens enviadas, os assuntos escolhidos marcaram fortemente quem assistiu e certamente ficarão para a história das Olimpíadas.

Diversidade, multiculturalidade, tolerância, respeito e convivência pacífica e harmoniosa entre os povos é tema central das discussões mundiais. Trump, Estado Islâmico, Migração, Populismo, Brexit, dialoga com tudo isso e mais: ao usar a história do Brasil como case, os autores/redatores/roteiristas chegaram a avançar no debate e colocar a questão da miscigenação na mesa - por mais que EUA, Europa, Rússia e China achem o tema indelicado...

E a questão do meio ambiente, da preservação, do desenvolvimento sustentável, da ecologia, da mesma forma, um grande acerto. Tudo bem, vá lá que nesse caso o exemplo histórico brasileiro não chegue a ser considerado positivo quase sob nenhum aspecto, mas se erramos para trás, o para frente ainda nos impõe enormes responsabilidades e nos coloca, invariavelmente, como um importante player mundial - seja pela dimensão continental do nosso território, pelo tamanho da nossa economia e população, seja pelos recursos naturais abundantes. Podemos não ter socorrido a Baía de Guanabara como deveríamos, mas isso não nos impediu de pela primeira vez na história dos Jogos colocar o tema ambiental em primeiro plano.

- Sei que uma galera gostou dos fogos. Confesso que não vi nada demais. Surpreendente é extraordinário mesmo, a meu ver, foram o "palco-piso" do gramado e seus efeitos; além da pira-sol. Diria meu irmão: brocaram!

- Aquela história que Fernando Meirelles falou o fia inteiro sobre Gambiarra, Jeitinho, Improviso, na boa, era desculpinha. Era um tipo de pedido de perdão antecipado caso algo desse errado ou saisse mal executado. Deu tudo certo e não vimos gambiarra nenhuma, Sr. Meirelles!

- Na política, obviamente, dois destaques: 1) as manobras de Temer para fugir, para evitar ser citado, que deixaram os telespectadores do mundo inteiro se perguntando "O Brasil não tem presidente?" e 2) as vaias, pois Temer foi vaiado, inegavelmente vaiado e por uma plateia que pago 2, 3 mil reais por ingresso...

- Tem a coisa da cobertura das transmissões brasileiras, também. Além do spoiler, e da necessidade de falar, falar, falar sem parar, uma coisa me chamou atenção (negativamente): a capacidade que a grande mídia tupiniquim tem de ser mais realista que o rei, e puxar mais o saco dos EUA e da lógica Ocidental que os próprios caras. Em outras palavras, enquanto reproduziam discurso oficial sobre tolerância e integração dos povos do mundo, faziam comentários "estranhos", vou classificar assim, sobre os países não-alinhados. "Aí vem a Rússia que é o maior escândalo da história olímpica". "Olha a delegação da polêmica Venezuela". "O mais exótico dos países presentes, a Coreia do Norte".

- Para fechar, tem que condenar, e se envergonhar, dos nossos vira-latas de plantão. Pelo amor de Deus! Teve Luiz Melodia, Tom, Vinícius, Caetano, Jorge Ben, Elza Soares, Zeca Pagodinho e teve Ludmilla e Anitta sim, senhor! Comparando com Londres, na boa, Caetano e Gil nada devem a Paul e John; Jorge Ben é um tipo de Mick Jagger; e Ludmilla e Anitta são melhores que as tais Spice Girls. Lamentar a cultura nacional e subjugar nossa produção em meio às Olimpíadas, ou à Copa do Mundo, é síndrome da classe média semialfabetizada...

- Para fechar mesmo, Londres teve 95 chefes de estado presentes; Pequim teve 80; Temer se contentou com 30 e tantos (MRE não divulgou lista) e o único país realmente importante, a França, veio para fazer campanha para Paris 2024.










quinta-feira, 4 de agosto de 2016

NETO É O VICE DE ACM. ACM É O VICE DE NETO.

Ao escolher um amigo de infância, um secretário do seu próprio governo, um cara que foi seu funcionário por 10 dez anos, Neto na prática rejeitou aliança, negou possibilidade de dividir poder e colocou a si próprio na chapa. É Neto na vice de ACM!

Obs: o prefeito nunca quis partilhar poder. Tanto que as possibilidades de escolhas dos partidos eram sempre entre amigos que ele "infiltrou". Roma no PRB, Carrera no PV, Bellintani no PPS ou mesmo no DEM, e, claro, Bruno Reis no PMDB. Todos tem duas coisas em comum: não tem história de militância nestes partidos; e foram colocados lá por Neto.


Em tempo, neste quesito Neto já superou o ACM original. O máximo que "O Velho" conseguiu foi colocar um filho, Júnior, na sua suplência de senador. Mas vice de si próprio, na boa, só III...

PANELEIRO SE IMPORTA COM A CORRUPÇÃO?

Todo e qualquer petista envolvido em corrupção deve responder na Justiça e pagar pelos seus erros. Ao Partido dos Trabalhadores é imperativa a necessidade de revisão imediata dos seus mecanismos de financiamento eleitoral e a relação estabelecida com a classe empresarial.

Difícil encontrar alguém que discorde disso, né?

A corrupção entre governo, empresas públicas e grandes corporações, sobretudo as empreiteiras, não se iniciou com o PT, remete a décadas e décadas de relação criminosa, e atinge políticos e administrações de tudo quanto é partido.

Eis outra afirmação que deve ser consenso nacional.

O combate à corrupção não deve se limitar a Operação Lava-Jato, nem ao trabalho do MP e da Justiça; deve ser um comportamento de todos e todas, estejamos em ambiente familiar, social ou profissional.

E essa? Há quem discorde disso?

Quero lhes apresentar Júlio Plácido, Erich Fonoff, Rodrigo Leão, Ruy Muniz e Nárcio Rodrigues:

Júlio Plácido é empresário, sócio da J2A Eventos. Júlio odeia corrupção e sempre foi figura presente aos protestos Pró-Impeachment. No dia 29 de junho, Júlio foi acusado pelo Ministério Público de fraudar a Lei Rouanet desviando verba para bancar casamento de luxo na praia de Jurerê.

Erich Fonoff é médico. Neurocirurgião. Além de freqüentar os protestos de rua, Erich prega a prisão de Lula e a extinção do PT nas redes sociais. No último dia 19 de julho Erich foi preso na operação da Polícia Federal que desbaratou um esquema criminoso de desvio de recursos públicos para compra de equipamentos hospitalares.

Rodrigo Leão por sua vez é da área do Direito. É delegado da Polícia Federal. Rodrigo foi protestar contra Dilma no dia 13 de março. No dia 15 de junho, pouco mais de 90 dias após o protesto, Rodrigo foi acusado de envolvimento em crimes contra a Previdência Social. A acusação foi feita pela própria PF.

De Ruy Muniz e Nárcio Rodrigues vocês devem lembrar. Em comum, eles tem três coisas: são mineiros; tem parentes deputados que votaram a favor do impeachment; e foram presos acusados de corrupção. Ruy é prefeito de Montes Claros e marido da deputada Raquel Muniz. Nárcio é ex-presidente do PSDB de MG e pai do deputado Caio Nárcio, também tucano.

Está claro que, apesar dos bem intencionados que foram aos protestos pelo impeachment, a vanguarda política que dirigiu o processo nas ruas e nas redes sociais não estava querendo o novo Brasil, não buscava passar nada a limpo, nem queria pegar a tudo e todos. O que eles queriam era dar vazão à política do ódio alimentada desde as eleições, dar o troco pela derrota nas urnas e retornar os seus ao poder.

Corrupção? Que nada. Como bem disse Alexandre Andrada (UnB), paneleiro tem a mesma preocupação com a corrupção que o Estado Islâmico tem com os direitos humanos...



GOLPE NÃO É CHÁ-DAS-CINCO


É do amigo Carlos Odas a frase: "Golpe é golpe, não é chá-das-cinco."

Esse foi o jeito encontrado por ele para ilustrar - e criticar - o comportamento de boa parte do governo Dilma, do PT e demais partidos, e mesmo de parcela dos movimentos populares e organizações da sociedade civil que, em meio à escalada do golpe, ainda enxergava e apostava em uma reversão via instituições republicanas.

Segundo essa lógica, n'algum momento os tribunais superiores barrariam abusos cometidos no âmbito da Lava-Jato (seletividade, por exemplo); ou ainda que com diálogo seria possível remontar uma base parlamentar, mostrar as gigantescas falhas e farsas do processo de impeachment e barrar o golpe no Congresso Nacional; ou, o que dizem que foi pior, acreditar que o STF guardaria a Constituição, e entrar com recurso a todo instante, a cada passo, e ver que em vez de parar o processo golpista, a participação constante do Supremo trouxe um brilho de legalidade ao caso...

Nada disso adiantará. Nada disso adiantaria. Golpe não é chá-das-cinco e por isso não esperem etiqueta, protocolo, respeito às regras, obediência às leis, etc.

Hoje nos deparamos com mais um dos absurdos se acumulam de maneira surreal: a recomendação oficial da presidência da Comissão do Impeachment no Senado é excluir dos registros qualquer menção à "fraude", como "processo fraudulento", "fraude jurídica", etc. Registra o companheiro Bernardo Cotrim que "a censura das falas dos senadores busca prejudicar a pesquisa futura, já que as atas e notas taquigráficas são documentos históricos".

Ou seja, não basta dar um golpe. É preciso, pelo jeito, não permitir o registro dele.

- Me passa o açúcar?


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A BANCA DO ABSURDO

Não bastou acabar com o Ministério das Mulheres, Direitos Humanos, Juventude e Promoção da Igualdade Racial.

Não foi suficiente montar uma Esplanada inteira sem mulheres e negros.

Agora o Governo Interino de Eduardo Temer, digo, Michel Cunha, enfim, a Turma do Golpe vai medir a negritude dos/as candidatos/as em concursos públicos.

Isso mesmo. Uma banca definirá se a pessoa é negra; ou se é negra o suficiente.

Regrediremos décadas na questão do combate ao racismo e da implementação de políticas afirmativas e reparatórias, pois o conceito de raça deixará de ser categoria sociológica para voltar a ser fator biológico. Um retrocesso incalculável!

Aliás, um retrocesso que se não for barrado imediatamente, abrirá precedente para adoção da mesma prática (banca de pseudo-especialistas) para identificação de outros grupos sociais, como indígenas, quilombolas, etc.

A questão da autodeclaração é polêmica? Não, não é, e explico: ela só é questionada quando beneficia uma minoria, quando cria condições mais justas de disputa. De resto, ninguém põe em xeque. Ou você já viu campanha nas redes sociais contra o IBGE ou Censo Demográfico Brasileiro? Não viu, né? E o Censo utiliza o pertencimento racial autodeclaratório há anos...

Por fim, me pergunto quem é que comporá estas absurdas bancas? Quem terá a capacidade de analisar visualmente alguém e atestar se ela já foi vítima de racismo ou se sofreu preconceito? Quem conseguirá através de uma entrevista dar um veredicto se alguém teve oportunidades e direitos negados? Quem terá o poder de ver nos olhos da pessoa a marca de uma vida de discriminações (latentes, silenciosas, institucionalizadas, culturais)?

Digo e repito: o golpe não é só contra Dilma, contra a Constituição ou os 54 milhões de votos; ele é sobretudo contra as conquistas, todas as conquistas, do povo brasileiro, da classe trabalhadora e dos segmentos historicamente excluídos.

Infelizmente, ainda há muito o que temer...


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

MAIA E TEMER QUEREM CASSAÇÃO DE CUNHA SÓ EM NOVEMBRO

Engana-se quem acredita que Temer brigou, traiu ou abandonou Eduardo Cunha. Michel - e os interinos ministros da sua articulação política - morrem de medo que Cunha uma vez cassado abra a Caixa de Pandora da delação e trabalham firmemente pela sua salvação.

Manobra

A operação para salvar Eduardo Cunha passa pelo adiamento da votação para  novembro - inicialmente estava prevista para este mês - e o protagonista deste movimento seria o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ). Maia deixaria para ler o relatório do processo do Conselho de Ética somente na semana que vem. Feita a leitura, o regimento obriga aguardar a realização de duas sessões para votação em plenário. Se Rodrigo Maia postergar para a próxima semana, na prática, a cassação de Cunha ocorrerá somente em novembro, já que dez entre dez parlamentares acreditam que duas sessões com quorum, só no Mês de Finados.

Oposição reage

Hoje à tarde, em nome da Liderança da Minoria, a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) cobrou em plenário o cumprimento do Regimento da Casa que, segundo a Líder, obriga o presidente da Câmara a ler e colocar o processo de cassação em pauta em duas sessões após a publicação. A publicação da decisão da CCJ foi dia 18 de junho, portanto pode ser lida nesta terça-feira (02) e o processo votado na quarta ou mesmo na próxima semana.


OS DESAFIOS DA ESQUERDA EM SALVADOR

Já comentamos aqui o porquê de não acreditarmos que a eleição em Salvador está dada. Além da furada que é confiar em pesquisa tão longe do dia da votação, o prefeito não enfrenta oposição ao seu discurso oficial e fatura sozinho todas as melhorias que nossa cidade vive nos últimos anos e, claro, o período de campanha mudará isso. Sem medo de errar: ACM Neto está no seu teto e a tendência para as eleições é de queda.

Mas quais são os desafios da esquerda? Quais são as estratégias da candidatura de Alice Portugal? Quais caminhos a coligação PCdoB, PT, PSB, PSD e PTN seguirá para se consolidar como alternativa real à reeleição do demista?

A convenção deste domingo (31), realizada no IFBA do Canela, já aponta algumas pistas.

A primeira delas foi dada pelo ex-governador, Jaques Wagner: “Vamos nacionalizar essa campanha e mostrar que quem está contra nós são os caras do golpe. Como alguém vai ter coragem de ir pra rua pedir voto depois de desrespeitar o voto de 54 milhões de brasileiros?” afirmou o ex-ministro da Presidenta Dilma.

O debate em torno da legitimidade do presidente interino Michel Temer e do próprio processo de impeachment é um elemento que aglutina a militância progressista, anima os defensores do campo democrático e popular, e demarca bem os grupos políticos que disputarão a prefeitura. De um lado os que historicamente caminharam juntos na resistência à Ditadura, pelas Diretas e na sustentação dos Governos Lula e Dilma. Do outro, os partidos conservadores, com tradição de apoio ao regime militar (Arena/PFL/Democratas), que formaram base aliada de FHC e agora de Temer.

O segundo elemento diz respeito ao caráter elitista do prefeito e do seu governo. Há uma percepção que Neto – assim como foi Imbassahy – privilegiou investimentos nas áreas nobres da cidade, em detrimento dos bairros populares. Esse discurso fica evidente nas declarações do atual governador. "O gestor [ACM Neto] fez uma escolha: trocar o passeio do Rio Vermelho por R$ 70 milhões. Ele poderia ter feito outra opção e ter feito 30 creches pro povo da periferia de Salvador" disse Rui Costa.

Essas duas visões sobre a disputa em Salvador foram sintetizadas no discurso da própria candidata Alice, que incluiu ainda a questão da diversidade ao afirmar que “agora é a vez dos guerreiros e das guerreiras, das mulheres, dos homens, daqueles que lutam pela moradia, dos sindicatos, das associações dos bairros, dos intelectuais da esquerda, dos artistas e de quem mais vier nos apoiar para banir da cidade a visão elitista, golpista, a visão de quem não ama o povo de Salvador”.

Esses discursos são suficientes para derrotar a aliança conservadora que ocupa o Thomé de Souza? Certamente não. A campanha deverá ser capaz de aprofundar a crítica a administração do DEM (reconhecendo o que deu certo e apontando soluções para o que não deu); ampliar o alcance do diálogo com todos os setores da sociedade soteropolitana; e apresentar propostas que sejam inovadoras e reais.

Mas estes pontos de partida são importantes pois se mostram capazes de reunir forças políticas que historicamente representam por volta de 30% do eleitorado de Salvador e que tem energia necessária para vencer as eleições.

Como bem disse Alice, quem cresceu enfrentando o avó, não vai temer o neto...



Obs: segue abaixo foto histórica que sintetiza o campo democrático reunido em torno da candidatura de Alice (enviada pelo companheiro Nélson Simões).


AMAMENTAR É DAR AMOR. A QUALQUER HORA, EM QUALQUER LUGAR.

Aconteceu na Argentina.

No dia 12 de julho, Konstanz Santos saiu de um banco situado no centro de San Isidro, cerca de 20 quilômetros ao norte da capital argentina, e se sentou em uma pracinha para dar o peito ao filho de nove meses.

Foi então que duas mulheres policiais se aproximaram para pedir documentos de identidade à jovem e comunicar que era "proibido" amamentar em lugares públicos. Konstanz questionou que lei estabelecia essa restrição e uma das agentes "agarrou" seu braço para que se levantasse, segundo relatou a afetada ao jornal "El Argentino Zona Norte".

"Tive que ir embora com o bebê chorando", disse a jovem, que recorreu à justiça e a várias delegacias, mas nenhum lugar aceitou a denúncia pela agressão.

Mas acontece também no Brasil.

No dia 29 de junho, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB/RS), foi fotografada amamentando sua filha Laura, de 11 meses, durante a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. A fotografia gerou polêmica, correu o mundo e virou notícia em diversos países da América Latina e Europa, além da Índia, Japão e Nigéria.

É preciso reagir.

Após o ocorrido na Argentina, María de Velasco, uma mãe da mesma cidade de Konstanz, decidiu convocar um "mamaço" pelo Facebook na pracinha onde ocorreu o caso. Logo em seguida, o protesto contou com a adesão de organizações sem fins lucrativos e mães de todos os cantos do país. Centenas de mulheres se reuniram em diferentes lugares públicos da Argentina para amamentar seus bebês. Era possível ver crianças com bebês de brinquedo, homens com bonecas de pano e pessoas de todas as idades com tambores e cartazes de mensagens como "amamentar é dar amor".

No Brasil, Manuela aproveitou a absurda polêmica para levantar uma reflexão do porquê sua imagem amamentando ao lado da filha em um espaço de poder incomoda tanto. "A política é masculina e machista, a política não tem espaço para as mulheres, a política não tem espaço para o que nos diferencia dos homens, a política não tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças, não tem espaço para a naturalidade com que conciliamos nosso trabalho e nossas lutas com nossos bebês. Levar Laura comigo tornou-se, sem que eu percebesse, uma forma de resistir a política que desumaniza", escreveu a deputada em sua página no Facebook.

Dia Mundial da Amamentação

Hoje, 1º de agosto, é comemorado o Dia Mundial da Amamentação – data criada em 1992 pela Aliança Mundial de Ação pró-amamentação com a finalidade de promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para crianças em todo o mundo. A data é comemorada dentro da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que ocorre em 120 países anualmente entre os dias 1º e 07 de agosto.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a amamentação é a principal forma de fornecer ao bebê os nutrientes necessários para sua sobrevivência e seu desenvolvimento. Nos primeiros seis meses de vida, deve ocorrer o aleitamento materno exclusivo, sem a complementação com nenhum alimento.

No leite materno, a criança encontra não só as substâncias necessárias para a sua nutrição, mas também anticorpos fundamentais para protegê-la no início da vida. O leite materno também garante proteção contra infecções respiratórias, evita casos de diarreia e o seu agravamento, além de diminuir os riscos de alergia.

Diante de tantos benefícios, não é difícil entender como a amamentação é fundamental para a saúde da criança. Diante de tais benefícios, é incompreensível o comportamento retrógrado, tacanho e preconceituoso de algumas pessoas que, movidas por uma estranha noção moralista, combatem o direito à amamentação, seja onde for, de mães e crianças.



(Essa pauta foi uma dica da amiga Carolina Neta. Mande você também dicas de pauta para o Blog do Éden: edenvaladares@gmail.com)

Com informações do Terra, Uol e Facebook (Manuela)