NETO QUER UM VICE OU HERDEIRO?

Esse negócio de sucessão é um troço complicado. Sobretudo nas monarquias e nos regimes absolutistas. Tem rei que não quer que o irmão assuma o trono, princesa que não pode assumir por ser mulher, filhos bastardos que reivindicam a coroa, enfim, é um esparro daqueles.

Veja o caso de Salvador.

- Salvador?

Sim, Salvador. Na Cidade da Bahia as coisas também se complicaram, pois Antônio Carlos Magalhães Neto, o terceiro de seu nome, nascido em berço de ouro, pai das Sete Festas, senhor supremo do Reino de Soterópolis, ele mesmo, enfrenta enorme dificuldade para decidir quem será seu herdeiro.

Ora, a novela que assistimos sobre a suposta escolha do seu candidato a vice, a rigor, tem a ver com isso: quem herdará o trono em 2018.

Concordando com a senadora Lídice da Mata (PSB) sobre a estratégia de marketing por trás da demora em definir, não podemos fechar os olhos para o que realmente está em jogo, segundo os planos de ACM III. De acordo com esse planejamento, Neto abandonará a cadeira de prefeito em 2018 para ser candidato a senador, governador ou, quem sabe, vice-presidente na chapa dos tucanos.

Logo, tal qual fez o Vaticano ao escolher um novo papa com Ratinzger ainda no Palácio Apostólico, Neto quer apontar seu sucessor “ainda em vida”.

Agora você deve estar se perguntando: “Falta o quê?”

Respondo eu: falta combinar com o povo.

Durante as eleições certamente, mas desde agora os soteropolitanos são provocados a decidir se querem votar em um candidato que vai abandonar a função, renunciar ao cargo e deixar para seu colega de chapa a responsabilidade; ou em alguém que trate a decisão popular com respeito, que não desista da cidade e que cumpra os quatro anos de mandato.

Com todo respeito a Alteza, Majestade, digo, Prefeito ACM Neto, acho que a conta não fecha. Salvador tem enorme tradição libertária. Desde 1823 gritamos que nossos corações não combinam com tirania. E mais: a história está aí para ensinar que trair a confiança popular é caminho sem perdão e sem volta. Que o diga José Serra...