sexta-feira, 9 de agosto de 2019

RENOVA PT: DEMOCRACIA E LUTA #LulaLivrw



RENOVA PT: DEMOCRACIA E LUTA! #LulaLivre 

Vivemos no mundo uma onda conservadora, totalitária e intolerante. No Brasil não é diferente, é até mais grave, pois a essa agenda se somam os ataques aos direitos sociais, trabalhistas e ambientais.

E o ataque à soberania nacional, com o desmonte da Petrobras, do nosso patrimônio, dos nossos recursos naturais e a destruição da nossa indústria, da Educação Pública, do SUS e do nosso projeto de um país independente, soberano e respeitado internacionalmente.

Em contraponto, temos a construção feita pelos governadores do Nordeste, que sob a inspiração de Lula, seguem implementando governos democráticos e populares, focados da redução das desigualdades, na promoção da justiça social, em fazer mais para quem mais precisa, sem deixar de investir em infraestrutura, nos grandes projetos, na reforma do estado e na geração de emprego e renda.

Na Bahia, vamos para o quarto mandato do governo do PT e aliados. Um símbolo do partido e principal referência de nossas gestões no Brasil. Acabamos de reeleger Rui Costa (governador) e Jaques Wagner (senador) os mais votados da história da Bahia, e conquistamos uma frente de votos de mais de 3,5 milhões de votos a Fernando Haddad.

A Bahia hoje é foco da resistência, da capacidade de disputa de hegemonia, onde a agenda da inclusão social, do respeito à diversidade, do nosso ideal de sociedade segue firme e se contrapõe à lógica predominante em Brasília. 

É nesse contexto que vamos renovar as direções do PT. Hoje, em Salvador, reunimos companheiros e companheiras que querem transformar o PED não em disputa mas em reencontro; o debate de ideias não em isolamentos, mas em sínteses; estimulando a pluralidade e objetivando a unidade.

Reunimos os que priorizam a construção partidária, o projeto político coletivo do PT, em torno de um projeto, de um programa, de um pacto político pela redemocratização do partido. 

Nos reunimos pela renovação das práticas, de valorização das decisões coletivas, das instâncias partidárias, dos setoriais e da militância de base.

Acreditamos na necessidade de conformação de um novo pacto, de uma concepção democrática de direção partidária.

Apostamos no diálogo geracional para oportunizar uma transição que estimule a vitalidade partidária, a renovação das nossas lutas e das nossas bandeiras.

Reunimos companheiras e companheiros da Construindo um Novo Brasil, Resistência Socialista, Democracia Socialista, Movimento PT e 2 de Julho, em torno da chapa Renova PT: Democracia e Luta #LulaLivre

Hoje é um ponto de partida. Nasce um movimento sólido e politicamente amplo, que dialogará com o conjunto do partido em busca da unidade política do PT.

Nós, do Renova PT: Democracia e Luta #LulaLivre, reafirmamos nosso compromisso com os processos partidários de formação política, de gestão coletiva da administração e das finanças, para revigorar nossos mecanismos de participação e decisão.

Uma renovação não apenas teórica, mas também prática, de método, que se concretize em compromisso real com os valores democráticos e socialistas.

Vamos juntos! Renovar o PT, redemocratizar o partido, reafirmar o protagonismo do PT, as lideranças de Rui Costa e Jaques Wagner, apontar para a abertura de um novo ciclo na política baiana, tanto para o PT, quanto para o conjunto das esquerdas. E que venha o futuro!


terça-feira, 9 de julho de 2019

SOBRE GOLPES, ANGÚSTIAS E O DIA QUE LULA FOI MINISTRO





Sempre ouvi histórias sobre o clima no Palácio do Planalto naquele março de 1964. O Presidente João Goulart, que se encontrava no Rio Grande do Sul, pedira a Waldir Pires e Darcy Ribeiro para permanecerem na sede do governo para tentar garantir o respeito à Constituição e ao seu legítimo mandato. Em vão.

Mas o caso é que cresci ouvindo, até mesmo do próprio Waldir, versões um tanto melancólicas, por vezes nostálgicas, daquelas horas que precederam a consumação do Golpe Militar. Não sei se o tempo é responsável por romantizar as histórias. Mas é fato que elas assim são contadas.

Vivi período semelhante. Estava a serviço do Governo Dilma Rousseff entre outubro de 2015 e setembro de 2016, inicialmente no Palácio do Planalto (Casa Civil), depois no Alvorada (Gabinete Pessoal da Presidência). Minhas lembranças não são doces, adianto logo. Longe disso. Elas secam minha boca, travam minha garganta, pesam sobre o peito. Os sentimentos se misturam, se multiplicam e quase sempre tomam forma de lágrimas. Injustiça, perplexidade, indignação, impotência, revolta, assombro, repulsa... Foram - e ainda são - bem doloridas essas memórias.

A certeza de que estávamos do lado certo da História nos dava força, é verdade. Mas o turbilhão de notícias, boicotes, conluios e traições, nos surpreendia. A defesa da Constituição, da legitimidade das urnas e do nosso projeto de país - independente, soberano, democrático, popular e mais justo - nos animava e enchia de esperança. O desprezo pelo Estado Democrático de Direito, o cinismo e a desfaçatez dos golpistas nos enojavam e, por vezes, abatia.

Não farei, ao menos não aqui e agora, balanço do Governo Dilma. Vão cobrar autocrítica na próxima esquina, faz o favor!

Quero apenas contar um pedacinho daquele período, do ponto de vista de alguém que foi testemunha e personagem daqueles eventos absurdos. E como para todo e qualquer absurdo a Bahia tem precedente, quis a História que os baianos Waldir Pires e Jaques Wagner se encontrassem no mesmo Palácio, sob circunstâncias muito parecidas, sofrendo ataques semelhantes: o Golpe de 1964 e o Golpe de 2016.

Parêntese: é importante que nós, defensores da Democracia, não vacilemos jamais e nunca aceitemos qualquer revisionismo histórico. Golpe a gente chama sempre pelo nome. Golpe. Sem tergiversar ou dourar a pílula. Fecha parêntese.

Aliás, foi neste dia, 17 de março de 2016, que ouvi pela primeira vez a Presidenta Dilma chamar pelo nome. Ao comentar os sucessivos abusos de Moro, do MPF, da Lava Jato, disse ela: “Os golpes começam assim”. Já havia começado há tempos...

Mas retornemos ao dia 17/03. Era uma quinta-feira diferente de qualquer outra que já havia vivido. Saí cedo e apressado do apartamento em que morávamos na Asa Norte, eu e Amanda (grávida do nosso primeiro filho, Bento), pois aquele dia era mais do que importante. Era histórico. O ex-presidente Lula havia concordado em assumir a chefia da Casa Civil do Governo!

Cheguei por volta das 08h ao quarto andar do Planalto e fui checar com os sub-chefes da Casa Civil como estavam os preparativos. Tudo ok. Com líderes do Congresso, peguei a percepção sobre o clima e as expectativas. Positivas. Tentei falar com o ministro Wagner pelo celular, deu caixa. JW estava na Bahia, tinha ido jantar com Dona Fátima, filhos e netos por conta do seu aniversário de 65 anos. Mandei uma mensagem com esse breve relatório, acertei com o Cerimonial as providências para trazê-lo do aeroporto o mais rápido possível e fui falar com Gilberto Carvalho.

A ideia de ter Lula tão próximo, tão perto, nos enchia de esperança quanto aos caminhos e desempenho do governo, mas também trazia enorme responsabilidade. O que ele quer da equipe? É para apresentar balanço? Um relatório das atividades? Ele quer nossa análise futura? O que produzimos sobre freios e principais potenciais da administração? O que Lula quer? Como atender o Lula, gente?!

Gilberto me tranquilizou.



Meu companheiro, fica calmo e esquece planilha. Reúna sua equipe, chame o Jaques, o Lula vai orientar vocês. Tá bem?




A cerimônia de posse deve ter começado perto das 11h. Não fui para o Salão. Desci para o terceiro andar e fiquei na parte superior da rampa, olhando de cima a cena, tentando guardar cada segundo na memória. De lá vi e ouvi o bestial Major Olímpio. Logo logo silenciado. De lá vi e reconheci rostos amigos, marcados pelo tempo e pela luta, de gente dos movimentos agrários, urbanos, dos direitos humanos, estudantes, mulheres, negros, indígenas, trabalhadores. Vi uma expressão simbólica do povo brasileiro. Daqueles por quem lutávamos. Dos sem vez, sem voz, sem direito a nada, sem ter nada direito.




E lá estava o Lula. Ícone dessa gente. Da nossa gente.




Lula, por mais incrível que pareça, passava tranquilidade. Firmeza e tranquilidade. Mesmo de longe, mesmo do alto, de onde eu observava, a sensação já era essa. Como ele conseguia, não me pergunte. As manchetes de todos os jornais, os canais de televisão, a internet, as redes sociais, tudo tudo só falava do criminoso vazamento da conversa dele com a Presidenta. Um alvoroço. Uma tentativa, por parte do juiz Sérgio Moro, de provocar convulsão social. Um crime. Não foi abuso, desleixo, não cabem escusas. Foi cometido um crime - e quem bem sabe é Moro, pois havia despachado suspensão do grampo às 11h32min, o telefonema foi capturado às 13h32min e vazado às 18h38min. Um ato ilegal, parcial e com fins políticos - aliás, como todo o processo da Lava Jato contra Lula. Desde o início - e nós sempre denunciamos e isso sempre estará na História - a ação de Moro foi uma sentença em busca de um crime. Lula já era culpado antes mesmo do julgamento. E seria condenado com ou sem provas, com ou sem convicções.




Mas, voltando ao dia, terminada a cerimônia, Lula subiu para o Gabinete e fez sua primeira, e única, reunião de equipe da Casa Civil. Tenho uma boa foto, tirada pelo colega Eduardo Aiache. Nela estão Jaques Wagner e Lula, e nessa ordem: Jean Uema, Esther Dweck, Luís Padilha, Jorge Messias, Eva Chiavon, Gabriel Aidar e eu, Éden Valadares.




O Presidente Lula já conhecia a equipe, ou quase todos. Pulou o que Wagner chamou de “rococó” (as cortesias diplomáticas de apresentação) e falou do que planejava ser o seu papel. Não queria organizar fluxos internos do governo, organizar a cooperação entre ministérios, cuidar da administração. Para esse papel, disse ele, tem muita gente boa para fazer. Ele queria rodar o Brasil. Dialogar com governadores e prefeitos; reunir com os setores produtivos e representações do empresariado nacional; mediar agendas com as centrais sindicais e os movimentos sociais; ir “para a rua, para o barro” e conversar com as pessoas. Lula queria reorganizar a agenda do país em torno de uma mínima estabilidade institucional, reaglutinar as forças produtivas para a retomada do crescimento econômico e apostar nas políticas sociais como fomentadoras do nosso desenvolvimento.




Quando perguntei se o capital financeiro especulativo seguiria apostando na instabilidade e se “daria alguma trégua” ao governo, o então ministro respondeu:



Eu conheço os bancos, meu filho. Aliás, eles me conhecem. E sabem que no meu projeto de inclusão dos mais pobres, de fortes investimentos públicos, de botar a roda da economia para girar desde lá de baixo, eles ganham igual ou até mais.




Lula parecia acreditar que ainda era possível construir pactos no Brasil. Queria emprestar sua credibilidade junto ao povo brasileiro para reconstituir a aprovação do governo a patamares razoáveis; junto aos empresários e bancos para recuperar o crédito e a capacidade investimento; junto ao Congresso Nacional para desarmar as pautas-bombas e adotar uma agenda reformista; e junto aos atores internacionais para resgatar os laços de cooperação e a imagem do Brasil no mundo. Ele acreditava muito nisso. Nós, mais ainda.




Minha avó, sertaneja baiana, me diz sempre que “se não foi, era para não ser”. Não tenho a fé de Dona Tida na Providência Divina. Gosto de especular. Gosto de imaginar o “se”. Gosto de fantasiar como seria se tivessem mais respeito à Democracia, se nossas instituições fossem mais sólidas, se o apreço das elites pelo poder não desbancasse sempre em atalhos autoritários. Gosto de delirar se nossas cortes não estivessem acovardadas, se os gabinetes não cooperassem em conluios permanentes, se nossa imprensa não fosse seletiva. Gosto de imaginar uma América Latina independente, autodeterminada, sem navegar ao sabor dos ventos do Norte. Gosto, ou melhor, prefiro divagar sobre esses sonhos do que rememorar as lembranças. Os sonhos são tolos? Sim. Mas podem machucar menos que as recordações.




Talvez por isso as histórias sobre aquela noite de março de 1964 sejam repletas de romantismos. Talvez as minhas, as nossas, sobre o março de 2016 um dia também se transformem.




Foi golpe. Foi muito golpe.

terça-feira, 21 de maio de 2019

SOBRE VITORINO, SEABRA, BALBINO, WALDIR, WAGNER E RUI COSTA



O governador Rui Costa foi eleito pelo povo baiano para administrar um Estado burguês, capitalismo de periferia, periferia da periferia, porque no Nordeste.

O governador é obrigado a garantir privilégios de uma elite perdulária, escravista, dona da Bahia, pagando-lhe altos salários, aposentadorias e outras prebendas de cargos que ocupa ou ocupou. Se não fizer isto, não governa. Por muito menos perdeu o cargo a Presidente Dilma.

Entendendo intocáveis os privilégios da plutocracia, o governador vai ter que negociar com os trabalhadores o pouco que ficou nos cofres públicos. E os trabalhadores baianos precisam participar deste processo por três motivos.

O primeiro é que a imensa obra dos governos do PT na Bahia em muito melhorou a vida do nosso povo, nos campos e nas cidades.

O segundo é que os investimentos em Educação, e nas diversas áreas do conhecimento e da produção, que têm feito os nossos governos do PT no Estado abrem caminhos para o futuro, como nunca aconteceu entre nós.

O terceiro é que consolidado, ainda que parcialmente, este projeto petista em curso, teremos uma classe trabalhadora com uma profissão, um trabalho e diversas possibilidades de inclusão social.

Assim, tratar o governo de Rui Costa como inimigo, como “parceiro de Bolsonaro”, é dar um tiro no pé! É empurrar na ribanceira um projeto de modernização e democratização da Bahia, já em curso.

Isto aconteceu de forma dramática nos governos de Manoel Vitorino, Seabra, Balbino e Waldir Pires. Com a imensa diferença de que lá a plutocracia, que nos domina até hoje, deu cabo destes governos, utilizando os métodos mais nefastos possíveis.

E o que vemos hoje, com um sentimento de estupefação e muita incredulidade, é que o atual projeto de modernização da Bahia - muito mais profundo e muito mais abrangente que os anteriores - pode ser derrotado a partir de seus próprios aliados, nós mesmos.

E tudo isto por uma questão paroquial: as demandas de uma greve de professores. Uma greve que tem a sua importância, que precisa ser tratada com a devida seriedade pelos dois lados. O governador é um ex-sindicalista... mas o que se espera que não aconteça são as derivações que transformam o movimento em armas dos nossos inimigos.

A política, afinal, é alguma coisa plausível, desde que não ignoremos os seus caminhos. Ela é também uma ciência, que tem seus métodos, seus postulados.

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Texto do Professor Israel Pinheiro, doutor em Ciência Política pela Universidade do México, aposentado, hoje recolhido à sua terra natal Araci-BA, ensinando a nós todos a grande política.








segunda-feira, 15 de abril de 2019

NA VONTADE DE ATINGIR O PT, BOLSONARO ATACA OS QUE MAIS PRECISAM



Desde 2016, é público, há uma cruzada contra os principais programas sociais no Brasil. Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, PROUNI, Ciências Sem Fronteiras, PRONAF, nenhum deles escapou de cortes e de ataques.

A política de valorização do Salário Mínimo hoje entrou no alvo.

Valorizar o salário “dos de baixo” e gerar renda para todos é a melhor experiência dos Governos do PT. Inverter a lógica anterior e provar que é dividindo melhor que fazemos o bolo crescer, seu principal legado. Assim o Brasil viveu anos de crescimento econômico com distribuição de oportunidades e desenvolvimento social.

“A melhor política social é a geração de empregos e a valorização dos salários”, nos ensinou o presidente Lula.

Bolsonaro, que dorme e acorda pensando em destruir a esquerda, apontou suas armas hoje para o Salário Mínimo. Um erro gigantesco. Pois seu tiro não atingirá um partido, mas sim os que mais precisam, os trabalhadores rurais, os aposentados, os pensionistas, os mais pobres, o povo, enfim.

Resistiremos a este retrocesso. Lutaremos contra mais esse absurdo. E seguiremos atentos a todo e qualquer ataque às conquistas dos brasileiros e brasileiras!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A PERIGOSA APOSTA DE SÉRGIO MORO



Por
Éden Valadares e Felipe Freitas

O pacote de alterações legislativas apresentado pelo Senhor Sérgio Moro merece atenção especial da esquerda, da classe política e de todos os que se preocupam com a democracia no Brasil. E isso sem levar em consideração quem é o proponente e como suas decisões na qualidade de magistrado impactaram a política e a democracia no último período, inclusive criando as condições para eleger o governo que o fez ministro. Suas propostas trazem preocupação porque tocam em um tema da maior importância na sociedade brasileira e cujas consequências podem representar risco a vida de uma larga parcela da população.

De saída, somos a favor de que as esquerdas e os democratas progressistas do Brasil façam uma oposição propositiva e a favor do país. Não é porque uma proposta vem do governo que devemos recusá-la de saída. É nosso dever respeitar as decisões dos eleitores brasileiros, e analisar as propostas do governo com seriedade, usando boas referências em políticas públicas.

Ainda assim, não conseguimos enxergar no pacote as respostas corretas para o problema da insegurança pública brasileira, traduzido nas dezenas de milhares de homicídios registrados ano a ano. Salta aos olhos o silêncio do pacote sobre a questão das armas no Brasil, que não prevê política pública ou medida proativa para diminuir o número de armas em posse de civis (ao contrário, percebe-se o governo se esforçando para aumentar a venda de armas). Não se fala do combate ao tráfico de armas, vigilância de fronteiras, nada daquilo que consta dos diagnósticos mais elementares da segurança pública.

O mesmo pode ser dito sobre a política sobre homicídios. A intenção de aumentar as condenações por homicídio pode se tornar inócua. Qualquer secretário de segurança pública no Brasil sabe que o que temos é um baixo nível de elucidação dos casos de assassinato. Tal problema só se resolve com investimento em polícias técnicas e investigativas. O pacote ainda aponta na direção contrária, criando instrumentos para desresponsabilizar as mortes perpetradas por policiais. Moro aposta no atraso, em uma política de segurança pública menos sofisticada e mais letal, na contramão das boas experiências internacionais.

A crítica que fazemos ao pacote de Moro não significa ignorar que há algo a ser feito nesse setor. Inclusive, defendemos que o Partido dos Trabalhadores e a coalizão que participou dos 13 anos de nossos governos se disponha a fazer um balanço crítico do que foi feito nesse setor. No entanto, não nos recordamos de os ministros de Justiça que o antecederem terem cedido tão facilmente aos discursos fáceis e as bravatas que são próprios da Bancada da Bala e que, reconhecidamente, são pouco efetivos em lidar com um tema tão complexo.

A política de segurança pública é tema delicado e importante demais para ficar à mercê de alguns grupos de interesse. Espanta saber que o ministério da Justiça está propondo alterações na legislação criminal sem ao menos estabelecer diálogo com entidades como o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social e o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. O viés antidemocrático do governo não se vê somente no conteúdo da proposta, mas especialmente no método de concebê-la e implementá-la.

A julgar pela estreia do ministro da Justiça na discussão de uma agenda de políticas públicas para lidar com um tema grave, os brasileiros que estão do lado da democracia precisam elevar o sinal de alerta para barrar tais medidas no legislativo, promovendo uma discussão de políticas públicas baseada em evidências, coisa ao qual já sabemos que o ministro não é muito acostumado. Por falar nisso, Moro ainda nos deve uma resposta mais consistente sobre o tratamento que deve ser dado ao envolvimento do filho do presidente com um grupo criminoso responsável por diversos assassinatos em comunidades do Rio de Janeiro. Já para a esquerda, devemos reforçar na sociedade brasileira a ideia de que só venceremos a crise se apostarmos na legalidade e na defesa da Constituição. Moro aposta no caos e na guerra.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

SOBRE VENEZUELA, BOICOTE À POSSE DE BOLSONARO E A ‘LACRAÇÃO



Hoje o PT voltou à pauta dos debates políticos nas redes, rádios e jornais, por causa da decisão da presidenta Gleisi em ir à posse do Presidente Maduro. Razões para reprovar a decisão foram muitas; para aprovar tantas também. Mas sem querer entrar no mérito específico desta questão, proponho aos companheiras e companheiras uma reflexão anterior. No geral, o que eu penso, é que há um exacerbado ativismo político, uma necessidade de opinar sobre tudo e sempre de modo polêmico, buscando “lacrar”, “quebrar a internet”...

E de arroubo em arroubo a gente perde a chance de verdadeiramente mergulhar e fazer (internamente) a tal auto-crítica que tanto nos cobramos - e nos cobram; de reorganizar nossos braços no parlamento, nos movimentos e na academia.

Perdemos, também, a chance de nos reencontrar no mundo, ler o que ocorre na China, Europa, EUA e AL. Perdemos a chance de identificar os tais parceiros estratégicos da suposta Frente Democrática - quem são mesmo? Onde estão? O que temos de plataforma e pauta comuns?

A gente acaba, talvez esse seja o erro mais grave, tratando o Governo Bolsonaro como algo coeso, unitário, monolítico - e não jogamos com suas contradições. Nós, do PT, perdemos a chance de deixar o Governo errar, e em vez de atirar no que é fundamental, gastamos cartucho com as fumaças das cortinas das Damares da vida...

Penso eu que, a falta de análise mais profunda e uma irrefreável vontade de “caçar likes”, não permite ao PT se reconectar com setores da sociedade que não são bolsominions por natureza, mas que cansaram do Ba-Vi, da disputa eleitoral, da guerra - que há quatro décadas o PT é protagonista (não único, mas único sempre presente).

E por vezes a ideia de “lacrar” e falar para os convertidos, dá errado. O não comparecimento à posse de Bolsonaro, e à ida a Caracas, provocou o efeito de unificar a Direita e dividir nossa base. Enfim, acredito que devemos repensar essa forma de atuar.

Era essa minha contribuição. Vamos ao debate. Abs, Éden Valadares.

Cotado para presidir PT-BA, Éden nega 'categoricamente' pretensões nas urnas, por Rodrigo Daniel Silva

Eu acredito que é muito prematuro falar em eleição. Acabamos de sair de um processo eleitoral. É preciso deixar quem venceu, governar; e quem é oposição, se organizar. A sociedade não espera da gente a antecipação de novas disputas. É hora de trabalhar. 

O governador Rui Costa é exemplo disso. Sério, comprometido, dedicado. É isso que a sociedade espera e nos cobra. E essa será a postura do PT. 

O partido dos trabalhadores e trabalhadores, no sentido da representação política, do diálogo com os movimentos; é também o partido do trabalho, do projeto político que fez o metrô, os novos hospitais, as policlínicas, que mudou para melhor Salvador, a Bahia e o Brasil.

E quanto ao PT, cresce entre os dirigentes, filiados e simpatizantes do partido o sentimento de que é preciso ousar, inovar, renovar. 

Em que pese a importante vitória do governador Rui Costa, de Jaques Wagner, dos deputados do PT e nossos aliados, enfrentamos no cenário nacional um momento difícil. 

Eu teimo em acreditar no que diz Bolsonaro. Logo, penso que serão tempos difíceis para todos e todas que militam pela democracia, pela tolerância, pelo respeito à diversidade, para quem acredita em um país com mais direitos e justiça social. As conquistas da sociedade brasileira em termos de soberania, igualdade social e políticas sociais estão em xeque. 

Então é preciso atualizar o partido para esses novos desafios. Renovar, portanto , não é somente uma questão geracional, é de prática, de postura, de organização, de linguagem, de ousar uma nova forma de fazer política. 

Estou certo que encontramos esse sentimento no conjunto do partido. Temos conversado com parlamentares, movimentos sociais, militantes de toda a Bahia e percebemos isso muito forte. 

É tempo de uma nova primavera para o PT!


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